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Partidários de Morsy protestam na 'Sexta dos Mártires', no Egito

Cerca de mil pessoas morreram nos últimos oito dias, principalmente os simpatizantes de Morsy, nos ataques sangrentos das forças de segurança contra seus acampamentos



Mohamed Morsy, deposto em 3 de julho, está detido em um local secreto e vai responder pelas acusações de cumplicidade no assassinato de manifestantes. A Irmandade Muçulmana, a confraria de Morsy que venceu as eleições de 2012, está completamente desorganizada, depois das várias prisões de seus membros, incluindo a do seu guia espiritual, Mohamed Badie. "Já não recebemos mais as habituais convocações por escrito para as manifestações, desde que a maioria dos nossos líderes foram detidos", explica à AFP Ahmed, dirigente da Irmandade em Menufia, no Delta do Nilo. Maher, responsável pela organização no sul do Cairo, reconhece que o movimento foi duramente atingido. "Temo que estejamos voltando para a era Mubarak", afirma.

Mubarak livre e internado

O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, derrubado por uma revolta popular em 2011, deixou a prisão na quinta-feira e foi levado para um hospital em prisão domiciliar, antes do reinício do seu julgamento pelo assassinato de manifestantes, previsto para domingo. A queda de Mubarak marcou o apogeu da Primavera Árabe, que em 2011 derrubou os regimes autoritários da Tunísia, Egito e Líbia. Mubarak tem quatro processos em andamento, três deles em fase de apelação, por casos de corrupção e "assassinatos de manifestantes" durante os protestos de janeiro e fevereiro de 2011.

Os especialistas preveem um retorno gradual da Irmandade Muçulmana para a clandestinidade, como geralmente tem sido nos 85 anos da organização. Muitos temem que seus integrantes mais radicais acabem se voltando para atividades terroristas. Após a recente onda de violência, a União Europeia e os Estados Unidos ameaçaram rever a ajuda financeira concedida ao Egito, mas a Arábia Saudita e seus aliados do Golfo prometeram compensar uma eventual retirada desses apoios. A AFP contou 970 vítimas fatais em uma semana, dentre as quais 102 eram policiais, superando, portanto, as 850 mortes causadas pela rebelião que, em 18 dias, derrubou o regime de Mubarak, em 2011. Além disso, o Observatório de Direitos Humanos, uma ONG com sede em Nova York, denunciou ataques contra 42 igrejas coptas (cristãs ortodoxas) e contra várias escolas, casas e empresas de membros dessa comunidade.