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Explosões na cidade libanesa de Trípoli deixam 42 mortos e 500 feridos

Segundo o diretor de operações da Cruz Vermelha libanesa, "há ao menos 29 mortos e 500 feridos, muitos em estado grave em razão de queimaduras e ferimentos na cabeça"

Trípoli - Pelo menos 42 pessoas morreram e 500 ficaram feridas nesta sexta-feira (23/8) em dois atentados com carro-bomba em Trípoli, a maior cidade no norte do Líbano palco frequente de confrontos entre partidários e opositores do regime sírio. "Há ao menos 29 mortos e 500 feridos, muitos em estado grave em razão de queimaduras e ferimentos na cabeça", indicou Georges Kettané, diretor de operações da Cruz Vermelha libanesa, citando um novo balanço.



[SAIBAMAIS]Em Trípoli, a primeira explosão ocorreu no centro, perto da casa do primeiro-ministro Najib Mikati, que não estava na cidade, de acordo com os serviços de Mikati. A segunda ocorreu perto do porto, perto da casa do ex-chefe de polícia Ashraf Rifi, de acordo com uma fonte dos serviços de segurança. As explosões ocorreram perto de duas mesquitas. A televisão libanesa mostrou uma enorme coluna de fumaça negra subindo para o céu. Um correspondente da AFP viu corpos carbonizados perto da mesquita de Al-Taqwa, localizada em uma das principais avenidas da cidade, e cinco corpos de crianças sendo retirados de uma mesquita. Muitas pessoas choravam à procura de parentes.

As imagens transmitidas pela imprensa local mostram vários veículos em chamas, homens carregando feridos e fachadas de imóveis completamente destruídas. Após os atentados, centenas de pessoas se reuniram em frente à mesquita de Al-Taqwa gritando palavras de ordem hostis ao Hezbollah xiita e ao regime Assad. O Hezbollah combate há meses ao lado das tropas do regime sírio contra os rebeldes. O grupo é acusado por seus opositores no Líbano de mergulhar o país em uma onda de violência. O partido xiita relacionou o duplo atentado em Trípoli à explosão do dia 15, ao citar "um plano para mergulhar o Líbano no caos e na destruição".

A capital do norte do Líbano é regularmente palco de confrontos entre sunitas, que em sua maioria apoiam a rebelião síria, e os alauítas, favoráveis ao regime de Bashar al-Assad. "Os responsáveis não querem que os libaneses vivam em paz, eles querem que a máquina de morte ceife a vida de inocentes em todo o Líbano", reagiu Saad Hariri, ex-primeiro-ministro sunita e rival do Hezbollah. Segundo o comandante do exército libanês, Jean Kahwaji, a célula terrorista procurada "não visa uma região ou uma determinada comunidade, mas procura provocar conflitos sectários, visando diferentes regiões do ponto de vista religioso e político".

"Está claro que eles querem iniciar uma guerra sectária no Líbano para tirar a atenção do que acontece na Síria". indicou Hilal Khachane, chefe do departamento de ciências políticas da Universidade americana de Beirute. "Mas eu não acredito que o Líbano vai mergulhar em uma guerra sectária, porque isso não beneficiaria ninguém", acrescentou. Os ataques, que revivem memórias dolorosas dos atentados com carros-bomba durante a guerra civil (1975-1990), ocorre no momento em que o país não tem um governo por causa de divisões relacionadas com o conflito sírio. Também acontecem poucas horas depois de Israel lançar um ataque aéreo no sul do Líbano, em retaliação a um ataque com foguetes em seu território, reivindicado por um grupo ligado à al-Qaeda.