Durante o julgamento, o ex-dirigente chinês afirmou que os elementos apresentados pelo advogado de Tang não provam sua culpa. "Ele (Tang) tenta simplesmente obter uma redução de sua pena. Assim tenta morder em todas as direções como cachorro louco", disse Bo, que chamou o empresário de "mentiroso". "Este é um caso extremamente complicado", advertiu o juiz Wang Xuguang.
Os atos atribuídos a Bo aconteceram de 1999 ao início de 2012, segundo o site do tribunal. O tribunal também divulgou uma foto de Bo Xilai de pé, no banco dos réus, sua primeira imagem pública em 17 meses. Ele aparece ao lado de dois policiais. Muitos oficiais das forças de segurança e centenas de curiosos estavam do lado de fora do tribunal popular de Jinan, província oriental de Shandong. Detido em março de 2012, o carismático Bo Xilai não era visto em público há quase um ano e meio. O ex-membro do poderoso gabinete político do Comitê Central do Partido Comunista, em tese, pode ser condenado à morte.
A duração do processo não foi divulgada oficialmente, mas analistas acreditam que será curto, de um ou dois dias. A imprensa estrangeira não teve acesso à sala da audiência. Os tribunais chineses atuam sob controle direto das autoridades comunistas e os analistas consideram que longas negociações na cúpula do poder permitiram decidir de antemão o veredicto que será anunciado. O julgamento de Bo Xilai acontece praticamente um ano depois da condenação de sua esposa, Gu Kailai, pelo assassinato de um empresário britânico que era amigo do casal.
A revelação deste homicídio precipitou a queda de Bo, que aspirava cargos ainda maiores no governo e utilizava o bom momento de Chongqing, a metrópole que governava com muita rigidez, como trampolim para o poder. A queda do ex-ministro do Comércio, filho de uma grande figura da Revolução e fervoroso neomaoísta, provocou um choque entre a classe dirigente comunista e demonstrou as divisões no partido, que sempre tentou passar a imagem de unidade. O caso Bo Xilai pesou muito em 2012 na organização do 18; congresso do PC chinês, que renovou o comando da segunda potência do mundo.