NOVA YORK - O Conselho de Segurança da ONU se reuniu a portas fechadas, nesta quarta-feira, para consultas sobre o massacre que teria sido cometido com armas químicas na Síria, conforme denúncias da oposição.
Enquanto isso, os inspetores da ONU tinham um encontro com o governo de Damasco.
A reunião aconteceu a pedido de cinco dos 15 membros do Conselho (França, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Luxemburgo e Coreia do Sul). Ao final, a presidência do organismo disse que seus membros querem "esclarecer" as denúncias de uso de armas químicas perto de Damasco e "saúdam a determinação" da ONU para investigar, declarou a presidência nesta quarta.
"Temos de esclarecer o que aconteceu e acompanhar de perto a situação", destacou a embaixadora argentina, María Cristina Perceval, depois das consultas no Conselho.
"Os membros do Conselho saúdam a determinação do secretário-geral de realizar uma investigação profunda e imparcial", acrescentou.
Antes das consultas, vários membros do Conselho haviam pedido que os especialistas da ONU atualmente na Síria visitem o lugar das denúncias o mais rápido possível. Já a Rússia, fiel aliado do regime sírio, referiu-se à possibilidade de uma "provocação" montada pela oposição. O governo sírio rejeita as acusações.
Em paralelo à reunião, Paris, Londres, Washington e Berlim transmitiram ao secretário-geral da ONU um pedido formal de investigação sobre essas denúncias. Em carta conjunta, evocam "informações críveis sobre o uso de armas químicas".
Mais cedo, a Casa Branca havia solicitado "acesso direto" à equipe de especialistas da ONU presentes na Síria para investigar as acusações. "Pedimos formalmente às Nações Unidas que investiguem de forma urgente", declarou o porta-voz adjunto da Casa Branca, Josh Earnest, depois que a oposição síria denunciou a morte de 1.300 pessoas perto de Damasco.
O chefe dos inspetores da ONU na Síria, Ake Sellstroem, "está-se reunindo" com autoridades sírias para tratar das informações de um ataque com armas químicas, afirmou mais cedo o porta-voz adjunto da ONU.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está "escandalizado" com as denúncias e "reafirma sua determinação de realizar uma profunda investigação sobre os supostos episódios apontados pelos Estados-membros", acrescentou o porta-voz Eduardo del Buey, em um comunicado.
Ele lembra também do acordo formal alcançado em julho com o governo sírio sobre as modalidades da missão dos inspetores em três lugares, entre eles Jan al Assal, perto de Aleppo (norte). O governo sírio autorizou a visita de especialistas da ONU depois de aceitar as modalidades propostas pela organização para garantir a segurança e a eficácia da missão.
O início da missão de inspetores já sofreu vários atrasos, devido às divergências com a Síria sobre as modalidades da investigação.
Segundo Eduardo del Buey, "sob os termos do Acordo de Julho", a ONU e Damasco "discutem paralelamente outras denúncias em outros lugares". A ONU reivindica um livre acesso a todos os lugares onde foram denunciados ataques com armas químicas, tanto por parte do governo quanto da oposição, ou pelos países-membros do Conselho de Segurança - França e Grã-Bretanha, basicamente.
O principal grupo de oposição sírio acusou o governo de Damasco de "massacrar" mais de 1.300 pessoas em ataques com armas químicas perto da capital e criticou a comunidade internacional por ser "cúmplice com seu silêncio".
Vídeos distribuídos por ativistas, cuja autenticidade não pôde ser imediatamente verificada, mostravam médicos atendendo crianças em hospitais lotados.
O ataque, que parece ser um dos mais violentos já registrados durante o conflito, provocou uma onda de condenações internacionais. O regime de Damasco negou categoricamente, porém, que tenha utilizado armas químicas.