Jornal Correio Braziliense

Mundo

Condenação de Manning é 'vitória estratégica', comemora Assange

Até o momento, o réu poderia ser condenado a até 90 anos de prisão por atos de espionagem, fraude e roubo

LONDRES - A condenação de 35 anos de prisão imposta ao soldado americano Bradley Manning é uma "vitória estratégica significativa", avaliou nesta quarta-feira (21/8) o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, acrescentando que o jovem poderá ser libertado em cinco anos, graças a reduções da pena.

"Esta pena mínima obtida com muito esforço é uma vitória tática significativa", declarou Julian Assange, que publicou no WikiLeaks os documentos secretos vazados por Manning.

"No início do procedimento judicial, o governo americano" acusou o jovem por crimes, pelos quais ele poderia ter sido condenado "a mais de 135 anos de prisão" e, no final, "ele poderá passar um mínimo de 5,2 anos de detenção", completou Assange, sem explicar exatamente sua forma de calcular. Nesta quarta, uma corte marcial nos Estados Unidos condenou Bradley Manning a passar 35 anos atrás das grades.

A sentença pode ser reduzida, graças ao sistema de redução de pena por bom comportamento, passível de ser aplicado depois que o detento tiver cumprido um terço de sua condenação. Se esse sistema lhe for favorável, Manning, detido desde maio de 2010, poderá sair da prisão depois de nove anos.

[SAIBAMAIS]O promotor militar havia pedido uma pena mínima de 60 anos de prisão para o soldado de 25 anos. Até o momento, o réu poderia ser condenado a até 90 anos de prisão por atos de espionagem, fraude e roubo de cerca de 700 mil documentos diplomáticos e militares confidenciais, entregues ao WikiLeaks. Além disso, o Exército aplicou baixa "desonrosa" a Manning.



"Embora a defesa possa estar orgulhosa de sua vitória tática, não podemos esquecer que o julgamento de Manning e sua condenação são uma afronta aos conceitos de base da Justiça ocidental", criticou Assange.

Ele lembrou que o soldado sofreu uma detenção "considerada ;cruel, desumana e degradante; pelo relator especial da ONU sobre Tortura, Juan Mendez".

"A única saída justa no caso Manning é sua libertação sem condições, danos e prejuízos pelo tratamento ilegal sofrido, e um verdadeiro compromisso em favor de uma investigação sobre as más ações expostas por suas revelações", frisou.

"O tratamento de Manning se destinava a enviar um sinal para as pessoas com consciência no governo que possam querer revelar más ações (...) O resultado é que haverá outros mil Bradley Mannings", concluiu Assange.