LONDRES - O governo britânico recebeu fortes críticas, sendo acusado de ameaçar a liberdade de imprensa, após a detenção do companheiro brasileiro de um jornalista do Guardian no domingo e a destruição de documentos secretos entregues ao jornal pelo americano Edward Snowden.
As críticas aumentaram nesta quarta-feira (21/8). Vários meios de comunicação britânicos afirmaram que o primeiro-ministro britânico David Cameron enviou um de seus assessores para pressionar o jornal The Guardian a destruir os documentos confidenciais em sua posse.
O Guardian detalhou o modo como "dois altos funcionários britânicos", sem citar nomes, pressionaram a direção do jornal.
Em uma primeira visita à redação, "eles foram cordiais, mas muito claros sobre o fato de que vieram, em nome da mais alta autoridade, para pedir a devolução imediata dos arquivos Snowden em posse do jornal".
Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana, atualmente refugiado na Rússia, vazou para a imprensa documentos secretos revelando a existência de programas de vigilância dos Estados Unidos e do Reino Unido.
"A pressão aumentou aos poucos com ameaças de ações judiciais e até com uma possível intervenção policial", afirmou o Guardian.
"Eles disseram que temiam que governos estrangeiros, particularmente a Rússia e a China, pudessem ;hackear; a rede do Guardian", explicou.
The Independent, Daily Mail e a BBC identificaram nesta quarta o autor das pressões sobre o jornal como Jeremy Heywood, chefe das autoridades britânicas e um dos principais assessores de David Cameron.
De acordo com o Independent, citando fontes governamentais, Jeremy Heywood foi escolhido pelo primeiro-ministro para "advertir o Guardian sobre os perigos de manter informações altamente confidenciais em servidores não-seguros, o que poderia ser prejudicial para a Inglaterra".
Um porta-voz do primeiro-ministro declarou à AFP que não irá comentar "casos específicos". "Se informações altamente sensíveis são guardadas de maneira insegura, o governo tem a responsabilidade de protegê-las", acrescentou.
A direção do Guardian destruiu os discos rígidos sob a supervisão de "dois especialistas em segurança da GCHQ (serviço britânico de escutas)", um ato que ele descreve como "gesto simbólico particularmente inútil", uma vez que existem outras cópias dos documentos que continuam a ser usadas pelo jornal nos Estados Unidos e no Brasil.
As autoridades britânicas já haviam sido muito criticadas devido a detenção no domingo de David Miranda, o brasileiro companheiro do jornalista do Guardian Glenn Greenwald que teve acesso às revelações do ex-agente da NSA, no aeroporto de Heathrow.
David Miranda foi detido no aeroporto britânico de Heathrow durante nove horas em virtude de uma lei britânica antiterrorista de 2000, que amplia os poderes da polícia.
Nesta quarta, o Conselho da Europa questionou a atitude de Londres. Em uma carta endereçada à ministra britânica do Interior, Theresa May, o secretário-geral da organização paneuropeia, Thorbjorn Jagland, pediu "informações" sobre essas questões, que podem ter "um efeito nefasto sobre a liberdade de expressão garantida pelo artigo 10 da Convenção Europeia de Direitos Humanos".
"Não podemos criticar apenas os problemas de liberdade de expressão na Ucrânia, na Rússia ou na Hungria. É preciso aplicar as mesmas regras para todos, inclusive em países como o Reino Unido", acrescentou seu porta-voz, Daniel Holtgen.
O governo alemão também criticou os métodos utilizados pelo Reino Unido com o jornal The Guardian no caso Snowden e manifestou sua preocupação com a liberdade de imprensa neste país.
Em uma entrevista ao jornal Berliner Zeitung, o delegado ministerial para os Direitos Humanos, Markus L;ning, afirmou que Londres "ultrapassou a linha amarela" na questão.
Moscou, que concedeu asilo político a Snowden, acusou Londres de ter "dois pesos e duas medidas". "Constatamos que as iniciativas adotadas pelas autoridades britânicas contra o jornal The Guardian contrastam com as declarações do lado britânico sobre seu compromisso com os direitos humanos universais", reagiu o Ministério russo das Relações Estratégicas.
O brasileiro abriu uma ação judicial na terça contra sua detenção pelas autoridades britânicas e o confisco de documentos jornalísticos.
A ministra do Interior, Theresa May, e Downing Street declararam terem sido informados da detenção, mas asseguraram que a decisão havia sido tomada exclusivamente pela Polícia, enquanto a Scotland Yard defendeu a legalidade de sua ação.
As críticas aumentaram nesta quarta-feira (21/8). Vários meios de comunicação britânicos afirmaram que o primeiro-ministro britânico David Cameron enviou um de seus assessores para pressionar o jornal The Guardian a destruir os documentos confidenciais em sua posse.
O Guardian detalhou o modo como "dois altos funcionários britânicos", sem citar nomes, pressionaram a direção do jornal.
Em uma primeira visita à redação, "eles foram cordiais, mas muito claros sobre o fato de que vieram, em nome da mais alta autoridade, para pedir a devolução imediata dos arquivos Snowden em posse do jornal".
Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana, atualmente refugiado na Rússia, vazou para a imprensa documentos secretos revelando a existência de programas de vigilância dos Estados Unidos e do Reino Unido.
"A pressão aumentou aos poucos com ameaças de ações judiciais e até com uma possível intervenção policial", afirmou o Guardian.
"Eles disseram que temiam que governos estrangeiros, particularmente a Rússia e a China, pudessem ;hackear; a rede do Guardian", explicou.
The Independent, Daily Mail e a BBC identificaram nesta quarta o autor das pressões sobre o jornal como Jeremy Heywood, chefe das autoridades britânicas e um dos principais assessores de David Cameron.
De acordo com o Independent, citando fontes governamentais, Jeremy Heywood foi escolhido pelo primeiro-ministro para "advertir o Guardian sobre os perigos de manter informações altamente confidenciais em servidores não-seguros, o que poderia ser prejudicial para a Inglaterra".
Um porta-voz do primeiro-ministro declarou à AFP que não irá comentar "casos específicos". "Se informações altamente sensíveis são guardadas de maneira insegura, o governo tem a responsabilidade de protegê-las", acrescentou.
A direção do Guardian destruiu os discos rígidos sob a supervisão de "dois especialistas em segurança da GCHQ (serviço britânico de escutas)", um ato que ele descreve como "gesto simbólico particularmente inútil", uma vez que existem outras cópias dos documentos que continuam a ser usadas pelo jornal nos Estados Unidos e no Brasil.
As autoridades britânicas já haviam sido muito criticadas devido a detenção no domingo de David Miranda, o brasileiro companheiro do jornalista do Guardian Glenn Greenwald que teve acesso às revelações do ex-agente da NSA, no aeroporto de Heathrow.
David Miranda foi detido no aeroporto britânico de Heathrow durante nove horas em virtude de uma lei britânica antiterrorista de 2000, que amplia os poderes da polícia.
Nesta quarta, o Conselho da Europa questionou a atitude de Londres. Em uma carta endereçada à ministra britânica do Interior, Theresa May, o secretário-geral da organização paneuropeia, Thorbjorn Jagland, pediu "informações" sobre essas questões, que podem ter "um efeito nefasto sobre a liberdade de expressão garantida pelo artigo 10 da Convenção Europeia de Direitos Humanos".
"Não podemos criticar apenas os problemas de liberdade de expressão na Ucrânia, na Rússia ou na Hungria. É preciso aplicar as mesmas regras para todos, inclusive em países como o Reino Unido", acrescentou seu porta-voz, Daniel Holtgen.
O governo alemão também criticou os métodos utilizados pelo Reino Unido com o jornal The Guardian no caso Snowden e manifestou sua preocupação com a liberdade de imprensa neste país.
Em uma entrevista ao jornal Berliner Zeitung, o delegado ministerial para os Direitos Humanos, Markus L;ning, afirmou que Londres "ultrapassou a linha amarela" na questão.
Moscou, que concedeu asilo político a Snowden, acusou Londres de ter "dois pesos e duas medidas". "Constatamos que as iniciativas adotadas pelas autoridades britânicas contra o jornal The Guardian contrastam com as declarações do lado britânico sobre seu compromisso com os direitos humanos universais", reagiu o Ministério russo das Relações Estratégicas.
O brasileiro abriu uma ação judicial na terça contra sua detenção pelas autoridades britânicas e o confisco de documentos jornalísticos.
A ministra do Interior, Theresa May, e Downing Street declararam terem sido informados da detenção, mas asseguraram que a decisão havia sido tomada exclusivamente pela Polícia, enquanto a Scotland Yard defendeu a legalidade de sua ação.