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Conheça Bradley Manning, um jovem soldado de personalidade complexa

O ex-analista da inteligência enviou para o site WikiLeaks milhares de documentos secretos do governo americano sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão



[SAIBAMAIS]Durante sua argumentação final, a promotoria, ao contrário, o retratou como um ser egoísta e imprudente que sabia que os documentos enviados ao WikiLeaks poderiam ser acessados pelos inimigos dos Estados Unidos, principalmente pela Al-Qaeda.

Em audiências preliminares do julgamento, testemunhas do governo tinham inicialmente se referido a uma pessoa "deprimida", "ansiosa", "sujeita a ataques de pânico". Para não mencionar seu silêncio, seu sonambulismo e sua perda de idendidade sexual.

Funcionários da prisão de Quantico, Virginia (leste) - onde Manning foi mantido em confinamento solitário durante nove meses - citaram episódios em que ele lambia as barras de sua cela enquanto dormia, chorava batendo as mãos em sua cabeça, fazia caretas ou olhava-se no espelho constantemente, o que parecia justificar a sua permanência em um regime ultrarrigoroso reservado aos suicidas.

A defesa sempre argumentou que Manning não era suicida. Seu advogado David Coombs chegou a contar que o seu cliente sonhava "ir para a faculdade, trabalhar para o serviço público e, talvez, um dia, ser candidato em uma eleição porque ele quer fazer a diferença neste mundo".

Seus partidários lançaram um abaixo-assinado para que receba o Prêmio Nobel da Paz. Entre esses dois retratos diametralmente opostos, difícil dizer onde está a verdade.

O ato de contrição de Manning no último minuto do julgamento gerou surpresa. "Lamento que minhas ações tenham ferido pessoas e os Estados Unidos", declarou. "Eu sabia o que estava fazendo e as decisões que tomei, mas eu não compreendia totalmente a extensão das consequências de minhas ações."

Em seu primeiro discurso perante os juízes, em novembro de 2012, ele expressou nenhum arrependimento e, em seguida, contou, em tom confiante, as condições de sua detenção.

Em fevereiro, Manning justificou suas ações pelo desejo de "provocar o debate público sobre a política militar e estrangeira" dos Estados Unidos. No entanto, afirmou que só estava interessado em documentos que tinha absoluta certeza "que não causariam danos" à segurança nacional.

Excluído do exército e condenado a 35 anos de prisão, Bradley Manning poderá ser libertado dentro de nove anos em caso de bom comportamento. Seu advogado também pode apresentar um pedido de clemência a Barack Obama.