"As acusações são infundadas. Não temos medo deste processo. Vamos respeitar o trâmite judicial", respondeu Sayeda Afshan Adil, advogada de Pervez Musharraf. "Esta acusação de caráter político que envolve o ex-presidente Musharraf no assassinato da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto não é apenas falsa, fabricada e fictícia, mas também uma tentativa indigna de sujar a honra e a integridade do ex-presidente em escala mundial", indicou a equipe de Musharraf em um comunicado transmitido à AFP.
Um relatório das Nações Unidas em 2010 afirmou que a morte de Bhutto poderia ter sido evitada e acusou o governo de Musharraf de não dar a ela a proteção adequada. Poucos acreditam que possa ser declarado culpado de assassinato. "Há um longo caminho a ser percorrido e será muito, muito difícil provar que ele dirigiu a conspiração de assassinato ou que ele era o autor intelectual", disse à AFP o analista político Imtiaz Gul. Pervez Musharraf pode escolher este "longo caminho", disse Gul, que tampouco descartou a possibilidade de um acordo pelo qual o Estado abandonaria as acusações em troca de um retorno ao exílio do ex-presidente.
[SAIBAMAIS]Por outro lado, a acusação do ex-chefe das forças paquistanesas deve gerar novas tensões entre os militares e o poder civil, prevê o analista político Hassan Askari. "O exército vigiará de perto como se desenvolve o processo e até que ponto isso suja a imagem dos militares. O exército não está na defensiva, mas busca simplesmente conhecer o impacto deste processo nele", explica. Ninguém foi condenado pela morte da chefe do Partido do Povo Paquistanês (PPP), Benazhir Bhutto, que foi eleita duas vezes primeira-ministra do Paquistão, país de 180 milhões de habitantes e maioria muçulmana.
O "General Musharraf", que completou na semana passada 70 anos, tomou o poder em outubro de 1999 após um golpe de Estado militar. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, Musharraf se converteu em um aliado chave de Washington na guerra contra o terrorismo. Benazir Bhutto, primeira mulher eleita premier em um Estado muçulmano, voltou ao Paquistão no fim de 2007 com o objetivo de participar das eleições legislativas, mas rapidamente foi vítima de ameaças de morte, razão pela qual solicitou mais proteção ao regime do presidente Musharraf. Bhutto foi morta em frente a milhares de simpatizantes durante um comício em Rawalpindi.