Cairo - Pelo menos 25 policiais egípcios morreram nesta segunda-feira (19/8) em um atentado no Sinai, em um país já conturbado pelos violentos confrontos entre as forças de segurança e partidários do presidente islamita deposto Mohamed Morsy. Um grupo de criminosos atacou com foguetes dois micro-ônibus da polícia no norte da instável península do Sinai, onde os atentados contra as forças oficiais aumentaram depois da destituição de Morsy pelo exército, no dia 3 de julho. O ministério egípcio do Interior atribuiu o ataque a "terroristas".
Os embaixadores da União Europeia (UE) responsáveis pelas questões de segurança foram convocados em caráter de urgência pela chefe da diplomacia do bloco, Catherine Ashton, nesta segunda-feira (19). Os dirigentes da UE já advertiram que pretendem reavaliar a relação com o Cairo caso a violência não tenha fim. Mas a reação à violência no Egito não foi unânime e a Jordânia e a Autoridade Palestina expressaram apoio às autoridades "contra o terrorismo", uma opinião compartilhada por Israel.
O atentado no Sinai ocorre um dia após a polícia ter anunciado a morte de 36 detentos, todos eles integrantes da Irmandade Muçulmana, asfixiados por gás lacrimogêneo após uma tentativa de fuga. As autoridades informam diariamente a detenção de dezenas de membros da Irmandade, incluindo alguns dirigentes, por "violência", especialmente contra edifícios públicos ou igrejas.
No domingo (18/8), os simpatizantes de Morsy cancelaram os protestos previstos no Cairo por razões de segurança, pelo temor da ação das forças oficiais, que foram autorizadas a usar armamento letal contra os manifestantes hostis, e dos grupos de autodefesa formados por civis. Diante do temor do aumento da ;justiça de rua;, o governo proibiu no domingo os "comitês populares", milícia integrada por civis para defender os bairros da capital.
Apesar do estado de emergência e do toque de recolher ainda em vigor, nesta segunda-feira (19) o tráfego era normal no Cairo, com os habituais engarrafamentos e com os moradores seguindo para o trabalho. Os tanques do exército permaneciam estacionados nas avenidas da capital e o governo anunciou que as mesquitas permaneceriam fechadas, exceto nos horários de oração, para tentar evitar o encontro dos simpatizantes de Mursi.