Jornal Correio Braziliense

Mundo

'Sexta-feira da ira' já deixa as primeiras vítimas fatais no Egito

Em Ismailiya, no sul do Canal de Suez, ao menos quatro manifestantes morreram pelas mãos das forças de segurança, autorizadas pelo governo a disparar com balas contra os manifestantes

Cairo - Os partidários do presidente islamita deposto Mohamed Morsy começaram a protestar nesta sexta-feira (16/8) no Egito, onde já foram registradas as primeiras vítimas fatais, em protesto pelo violento desalojamento de seus acampamentos no Cairo e pelos confrontos posteriores que deixaram centenas de mortos. Pelo menos 12 pessoas já morreram nesta sexta-feira no país, segundo um balanço do ministério da Saúde.



A comunidade internacional teme outro dia de violência no país, onde na quarta-feira (14/8)a violenta desocupação de dois acampamentos de simpatizantes do presidente islamita Mohamed Morsy, derrubado pelo exército em 3 de julho, e os posteriores confrontos deixaram 578 mortos, segundo o ministério da Saúde. A Irmandade Muçulmana cita 2.200 mortos e mais de 10 mil feridos, no dia mais violento no Egito desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.

A "sexta-feira da ira" provoca inquietação em todo o mundo, e o presidente francês, François Hollande, pediu junto à chanceler alemã, Angela Merkel, um "consenso urgente" na Europa sobre a crise egípcia, anunciou a presidência francesa. Em uma conversa telefônica nesta sexta-feira, os dois defenderam o fim imediato da violência, segundo um comunicado da presidência. Também pediram um consenso urgente europeu e solicitaram uma reunião rápida dos ministros das Relações Exteriores da União Europeia, na próxima semana.

Já as autoridades egípcias, designadas pelo exército, autorizaram a polícia a abrir fogo contra os manifestantes que atacarem bens públicos ou as forças de segurança. Além disso, o Egito cancelou os exercícios navais com a Turquia programados para outubro, como protesto pelo que considera "ingerência" de Ancara em seus assuntos internos, anunciou nesta sexta-feira o ministério das Relações Exteriores.


"As manifestações contra o golpe de Estado sairão de todas as mesquitas do Cairo e seguirão para a praça Ramsés após a oração por uma ;sexta-feira da ira;", afirmou o porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad El Haddad, ao convocar os protestos.

Laila Musa, porta-voz da coalizão pró-Morsy contra o golpe de Estado, anunciou manifestações em todo o país. Musa informou que simpatizantes de Morsy, incluindo dois ex-parlamentares, foram detidos antes dos protestos. O movimento Tamarrod, que organizou as gigantescas manifestações que provocaram a destituição de Morsy, pediu aos egípcios que criem "comitês populares" para defender o país contra o que chamam de "terrorismo" da Irmandade Muçulmana, movimento de Morsy. As autoridades decretaram estado de emergência por um mês e estabeleceram um toque de recolher no país entre 19h (14h de Brasília) e 06h (1h).