A comunidade internacional teme outro dia de violência no país, onde na quarta-feira (14/8)a violenta desocupação de dois acampamentos de simpatizantes do presidente islamita Mohamed Morsy, derrubado pelo exército em 3 de julho, e os posteriores confrontos deixaram 578 mortos, segundo o ministério da Saúde. A Irmandade Muçulmana cita 2.200 mortos e mais de 10 mil feridos, no dia mais violento no Egito desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
A "sexta-feira da ira" provoca inquietação em todo o mundo, e o presidente francês, François Hollande, pediu junto à chanceler alemã, Angela Merkel, um "consenso urgente" na Europa sobre a crise egípcia, anunciou a presidência francesa. Em uma conversa telefônica nesta sexta-feira, os dois defenderam o fim imediato da violência, segundo um comunicado da presidência. Também pediram um consenso urgente europeu e solicitaram uma reunião rápida dos ministros das Relações Exteriores da União Europeia, na próxima semana.
Já as autoridades egípcias, designadas pelo exército, autorizaram a polícia a abrir fogo contra os manifestantes que atacarem bens públicos ou as forças de segurança. Além disso, o Egito cancelou os exercícios navais com a Turquia programados para outubro, como protesto pelo que considera "ingerência" de Ancara em seus assuntos internos, anunciou nesta sexta-feira o ministério das Relações Exteriores.
"As manifestações contra o golpe de Estado sairão de todas as mesquitas do Cairo e seguirão para a praça Ramsés após a oração por uma ;sexta-feira da ira;", afirmou o porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad El Haddad, ao convocar os protestos.
Laila Musa, porta-voz da coalizão pró-Morsy contra o golpe de Estado, anunciou manifestações em todo o país. Musa informou que simpatizantes de Morsy, incluindo dois ex-parlamentares, foram detidos antes dos protestos. O movimento Tamarrod, que organizou as gigantescas manifestações que provocaram a destituição de Morsy, pediu aos egípcios que criem "comitês populares" para defender o país contra o que chamam de "terrorismo" da Irmandade Muçulmana, movimento de Morsy. As autoridades decretaram estado de emergência por um mês e estabeleceram um toque de recolher no país entre 19h (14h de Brasília) e 06h (1h).