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Cartes assume presidência do Paraguai e declara 'guerra' à pobreza

Horacio Cartes tomou posse do cargo nos jardins do Palácio de López, a sede do governo paraguaio, nesta quinta-feira

Assunção - O empresário conservador Horacio Cartes assumiu nesta quinta-feira (15/8) a presidência do Paraguai, em meio à retomada das relações com os países da região, deterioradas após a destituição no ano passado do presidente esquerdista Fernando Lugo.



"Dentro de cinco anos, se não tivermos reduzido substancialmente a pobreza, serão estéreis todas as obras que fizermos", proclamou. E ressaltou, citando o papa Francisco em sua viagem ao Brasil: "Se não cumprir com as expectativas, façam barulho". Importantes chefes de Estado da América Latina e mais de 100 delegações internacionais estiveram presentes na cerimônia, marcando o fim do isolamento internacional vivido pelo Paraguai desde a crise política de junho de 2012. "Sentimo-nos encorajados com a forte predisposição de manter relações cordiais bilaterais ao invés de agravar divergências conjunturais", disse o novo presidente paraguaio, desejando "as relações mais frutíferas com os países vizinhos e com todos os países com os quais temos relações".

[SAIBAMAIS]O Paraguai foi suspenso do bloco comercial Mercosul depois que o Congresso destituiu Lugo após um julgamento político por "mal desempenho". O ex-bispo católico foi considerado culpado da morte de 17 pessoas em um confronto entre a polícia e camponeses armados. Os presidentes do Mercosul anunciaram em julho que levantariam a suspensão do Paraguai após a posse de Cartes, mas ele rejeitou um retorno ao bloco por considerar ilegal a incorporação da Venezuela. Paralelamente à suspensão do Paraguai, o Mercosul resolveu a entrada como membro pleno da Venezuela, que não havia sido ratificada pelo Congresso paraguaio.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, um aliado próximo do esquerdista Lugo, foi uma ausência notória na cerimônia desta quinta-feira, já que deliberadamente Assunção não o convidou, alegando que Caracas retirou seu pessoal diplomático após a saída de Lugo. O governo do presidente do Equador, Rafael Correa, não enviou representantes à posse de Cartes em solidariedade a Maduro, mas desejou ao Paraguai que suas instituições democráticas se consolidem neste novo período. Mas os presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Peru estavam presentes, junto ao presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, e ao príncipe Felipe de Astúrias.

Acordo bilateral com os sócios do Mercosul


Cartes se reuniu separadamente na quarta-feira com a presidente Dilma Rousseff e com o presidente do Chile, Sebastián Piñera. São esperados encontros nesta quinta-feira com os presidentes do Uruguai, José Mujica, e do Peru, Ollanta Humala. O futuro ministro das Relações Exteriores, Eladio Loizaga, adiantou que o Paraguai terá apenas um acordo bilateral com os membros do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela).

Já a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), uma organização regional que também suspendeu o Paraguai após a destituição de Lugo, anunciou que a partir desta quinta-feira a medida não tem efeito. Considerou que as eleições de abril "transcorreram com total normalidade e com uma ampla participação cidadã". Cartes substituiu Federico Franco, ex-vice-presidente de Lugo e líder do Partido Liberal que governou o país desde junho de 2012.