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Premier japonês rompe tradição ao não demonstrar pesar pela 2ª Guerra

Em um breve discurso, Shinzo Abe se limitou a prestar homenagem às vítimas do conflito e desejar a paz

[SAIBAMAIS]

Tóquio -
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, não manifestou nenhum pesar a Ásia pelo sofrimento infligido pelo Japão na II Guerra Mundial, no discurso por ocasião do 68; aniversário da rendição nipônica nesta quinta-feira (15/8), rompendo assim uma tradição. Em um breve discurso pronunciado em Tóquio na presença do imperador Akihito e da imperatriz Michiko, Abe se limitou a prestar homenagem às vítimas do conflito e desejar a paz.



Pouco antes do discurso, ministros do gabinete de Abe visitaram o santuário Yasukuni, em Tóquio, que é visto pelos países vizinhos como um símbolo do passado militarista japonês. O ministro do Interior e das Comunicações, Yoshitaka Shindo, e o presidente da Comissão Nacional de Segurança Pública, Keiji Furuya, rezaram no santuário. "O consolo às almas das vítimas de guerra é um assunto puramente nacional. Os outros países não devem criticar nem interferir", disse Furuya, em referência às críticas habituais da China e da Coreia do Sul a este tipo de visitas. Quase 90 parlamentares também visitaram o santuário.



Abe, no entanto, não compareceu ao local, mas depositou um ramo de uma árvore sagrada por meio de um colaborador. Situado no coração de Tóquio, o santuário Yasukuni presta homenagem aos cerca de 2,5 milhões de soldados japoneses mortos nas guerras modernas, entre eles 14 militares condenados por crimes de guerra pelos Aliados após a II Guerra Mundial, que foram inscritos no templo em 1978. Entre eles figura o general Hideki Tojo, primeiro-ministro do Japão durante o ataque a Pearl Harbor, no dia 7 de dezembro de 1941, que provocou a entrada dos Estados Unidos na guerra. Militantes de extrema-direita também visitaram o tempolom que estava protegido por centenas de policiais. Os japoneses também visitaram o local com suas famílias, especialmente os parentes dos soldados mortos na II Guerra Mundial, que em sua maioria se declaram pacifistas.

Desde que retornou ao poder em dezembro, Abe aumentou o orçamento militar e advertiu que deseja reformar a Constituição pacifista imposta pela ocupação americana após a rendição de 1945, o que provoca temores na região. As relações do Japão com seus vizinhos seguem marcadas pela lembrança das atrocidades perpetradas pelas tropas imperiais durante a colonização da Península coreana (1910-1945) e a ocupação parcial da China (1931-1945). O aniversário da rendição nipônica coincide este ano com uma relação particularmente tensa entre Japão e China, em consequência da nacionalização em setembro do ano passado de parte das ilhas Senkaku no Mar da China oriental. A China, que chama as pequenas ilhas desabitadas de Diaoyu, reivindica sua soberania.