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Israel acelera colonização na véspera de negociações com palestinos

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recusou-se a se comprometer a congelar o processo de colonização, exigido pelos palestinos

Jerusalém - Israel autorizou nesta terça-feira (13/8) a construção de 942 casas no território anexado de Jerusalém Oriental, na véspera da retomada das negociações com os palestinos, que acusaram o Estado hebreu de colocar em perigo o frágil processo de paz. A prefeitura de Jerusalém fez este anúncio antes da libertação por Israel de um primeiro contingente de 26 presos palestinos prevista para a noite desta terça-feira, como parte dos compromissos contraídos para reativar as negociações, estancadas desde 2010.

[SAIBAMAIS]Vinte e cinco dos 26 presos estavam detidos desde antes de 1994 e o outro desde 2001. No total, 104 detidos palestinos com condenações pronunciadas serão libertados durante os nove meses previstos de negociações. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recusou-se a se comprometer a congelar o processo de colonização, exigido pelos palestinos. "A colonização ameaça provocar o colapso das negociações mesmo antes de seu início", disse nesta terça-feira à AFP um funcionário de alto escalão da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Abed Rabo, após o anúncio da construção das novas 942 casas.



"A extensão da colonização viola os compromissos adotados pelos Estados Unidos ante os palestinos antes do início das negociações", advertiu Rabo. No domingo, o governo israelense havia autorizado a construção de 1.187 casas na Cisjordânia e em várias colônias em Jerusalém Oriental, que os palestinos querem converter na capital de seu futuro Estado. As construções serão realizadas em Gilo, bairro situado na parte sul de Jerusalém, que fica ao lado da localidade palestina de Beit Jalah, na Cisjordânia. Mais de 200.000 israelenses vivem em bairros de Jerusalém Oriental, anexado por Israel após a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

"É uma decisão terrível que significa uma provocação aos palestinos, aos americanos e ao mundo inteiro que se opõe à colonização", denunciou Yossef Pepe Alalu, conselheiro da oposição de esquerda israelense. "O governo (israelense) faz de tudo para sabotar as negociações mesmo antes de seu início", lamentou Lior AMihai, responsável da "Paz Agora", uma ONG israelense contrária às colonizações. Depois de três anos de bloqueios e de mais de seis décadas de conflito, as negociações entre israelenses e palestinos foram retomadas no fim de julho em Washington e prosseguirão na quarta-feira em Jerusalém e depois em Jericó (Cisjordânia).

Kerry quer evitar uma ação "negativa"

O anúncio de construções nas colônias judaicas já foi condenado no domingo pelos palestinos e considerado inoportuno pela comunidade internacional. O secretário de Estado americano, John Kerry, exortou na segunda-feira os palestinos a "não reagir negativamente" e insistiu na importância de "voltar rapidamente à mesa" de negociações. O secretário de Estado também lembrou que os Estados Unidos "veem todos os assentamentos como ilegítimos". "Estamos comunicando esta política de forma muito clara aos nossos amigos de Israel", disse Kerry.

Segundo os meios de comunicação israelenses, o anúncio das construções nos assentamentos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental foi decidido para tranquilizar a ala dura da coalizão dirigida por Netanyahu. Em relação aos presos, a Suprema Corte israelense levantou nesta terça-feira um obstáculo às 26 libertações ao rejeitar um recurso apresentado pela Almagor, uma associação de vítimas israelenses de atentados que se opõe à medida.

A máxima instância judicial israelense manteve sua linha tradicional, de considerar que a libertação de presos é uma decisão política do governo que não lhe compete. Estas libertações irão ocorrer, salvo incidência de última hora, na noite desta terça-feira. Os detidos serão transportados discretamente em veículos com vidros escuros para evitar que façam o "V" da vitória e demonstrem sua alegria durante a transferência. Os detidos da Cisjordânia serão libertados perto de Ramallah e os originários da Faixa de Gaza na passagem de Erez.