O chanceler da Bolívia, David Choquehuanca, disse que, para o seu país, será difícil encerrar a crise diplomática com a Europa ocasionada pelo incidente com o avião do presidente Evo Morales, no início de julho, apesar do pedido de desculpas feito pelos governos da França, de Portugal, da Itália e da Espanha.
;É difícil darmos por encerrada essa agressão que sofreu nosso presidente na Europa. Aceitamos o pedido de desculpas, mas isso não basta;, disse Choquehuanca, em Nova York, onde participou na última segunda-feira (5/8) de uma reunião dos chanceleres do Mercosul com o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.
;Os países europeus deram o primeiro passo, ofereceram desculpas que nós aceitamos. Mas seria bom que os fatos fossem esclarecidos. Queremos saber por que essa atitude;, disse o chanceler.
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Choquehuanca reiterou que os governos europeus violaram ;não somente os direitos humanos;, mas também ;a norma internacional;, pondo ;em risco a vida do presidente [Evo Morales];. Por isso, enfatizou ele, esse incidente ;não pode ficar assim;.
O chanceler lembrou que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, disse que ;para fechar essa ferida, necessariamente tem que se conhecer os responsáveis e castigá-los exemplarmente para que esses atos não voltem a acontecer no futuro com mais ninguém.;
Choquehuanca acrescentou que diferentes órgãos internacionais qualificaram o ato como ;uma agressão, um ato humilhante, ofensivo;. Ele também destacou que muitos países, especialmente os do Mercosul, expressaram sua solidariedade, chamando para consulta seus embaixadores dos quatro países europeus como sinal de protesto.
O chanceler lembrou que o incidente ;está ligado à espionagem pelos Estados Unidos e ao cidadão norte-americano Edward Snowden;.
Choquehuanca refere-se à ordem dos países europeus de impedir o trânsito do avião presidencial boliviano em seus espaços aéreos no último dia 2 de julho. Morales se viu obrigado a fazer um pouso de emergência em Viena, capital austríaca, permanecendo ali por mais de 13 horas.
De acordo com o governo boliviano, a decisão da França, de Portugal, da Itália e da Espanha se deu pela suspeita de que a bordo do avião estava o ex-consultor de informática norte-americano Edward Snowden.