Hiroshima - Dezenas de milhares de pessoas lembraram nesta terça-feira (6/8), no memorial da paz de Hiroshima, o 68; aniversário da bomba atômica lançada contra esta cidade do Japão, país onde o sentimento antinuclear se intensificou desde a catástrofe na usina de Fukushima em 2011. Idosos sobreviventes do bombardeio, autoridades do governo e delegados estrangeiros observaram um minuto de silêncio às 08H15 local (20H15 Brasília de segunda-feira), a hora da explosão que converteu a cidade em um inferno nuclear.
[SAIBAMAIS]Horas depois nesta mesma terça-feira, autoridades japonesas inauguraram em Yokohama (sul) o maior navio militar já produzido pelo Japão desde o fim da Segunda Guerra Mundial, num momento em que o governo japonês toma medidas para se dotar de forças de defesa mais importantes, gerando preocupação nas vizinhas China e Coreia do Sul. O lançamento deste barco de 284 metros capaz de transportar nove helicópteros ocorre num contexto de meses de tensões com a China e, em menor medida, com a Coreia do Sul por disputas territoriais.
Rapidamente após a vitória do Partido Liberal Democrata nas legislativas de dezembro de 2012, o governo japonês havia advertido que não vacilaria em recorrer à força em caso de desembarque chinês nas Senkaku, ilhas despovoadas 200 km a noroeste da costa de Taiwan, reivindicadas por Pequim sob o nome de Diaoyu. Em janeiro, o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe aprovou um orçamento militar de 50 bilhões de dólares para 2013-2014, em alta pela primeira vez em onze anos. Paralelamente, Tóquio anunciou sua intenção de constituir uma força especial de 600 homens e 12 navios para vigiar e proteger as ilhas em disputa.
Tóquio insiste que a celebração de Hiroshima e o lançamento do porta-helicópteros são uma coincidência. Entre os que compareceram à cerimônia desta terça-feira estavam Clifton Truman Daniel, neto do presidente Harry Truman, que deu a ordem dos bombardeios. Foi o primeiro familiar de Truman a comparecer a uma cerimônia comemorativa no Japão. A maioria dos sobreviventes da bomba, conhecidos pelo nome de "hibakusha", se opõem categoricamente a qualquer utilização do átomo. No Japão, o movimento de protesto contra a energia nuclear se fortaleceu desde que o governo decidiu no ano passado reativar dois reatores nucleares. O bombardeio de Hiroshima foi seguido pelo de Nagasaki, que no dia 9 de agosto deixou 70.000 mortos. Os dois ataque levaram à rendição do Japão e ao fim da Segunda Guerra Mundial, no dia 15 de agosto de 1945.