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'Não há cidadãos de 1ª ou de 2ª classe', diz gay que se casou no Uruguai

Homem se casou com companheiro em estado terminal



De um lado, um homem saudável, com a vida inteira pela frente. De outro, um homem em estado terminal, que provavelmente passará o resto de seus dias sobre uma cama de hospital. Diante deles, a juíza de paz Luisa Salaberry, acompanhada de testemunhas, familiares e amigos. O primeiro casamento homossexual realizado no Uruguai ocorreu, ontem, ;in extremis; ; quando as condições de saúde de um dos nubentes não possibilita o trâmite normal, que exige um prazo de 10 dias úteis entre a celebração e o registro oficial. ;Foi muito, muito emotivo;, contou Salaberry ao jornal urugaio El Observador. De acordo com ela, o paciente, com câncer, permaneceu lúcido durante toda a cerimônia. Por volta das 7h30, a funcionária do Escritório 1 do Registro Civil, em Montevidéu, se deslocou até o hospital ao receber um atestado médico, segundo o qual um dos noivos corria risco iminente de morte. As identidades dos nubentes não foram divulgadas.

Às 19h10, o Registro Civil recebeu, em caráter inédito, o pedido de certidão de casamento por parte de um casal gay. A união entre o comunicador e produtor audiovisual Sergio Miranda, 45 anos, e o diretor de arte Rodrigo Borda, 39 anos, tornou-se ontem a primeira a seguir os procedimentos determinados por lei. ;É um dia histórico no Uruguai, em que entra em vigência a lei do matrimônio igualitário. De algum modo, é um dia em que todos temos os mesmos direitos. Não há mais cidadãos de primeira ou de segunda classe;, comemorou Miranda, em entrevista ao Correio, por telefone, de Montevidéu. ;Inscrevemo-nos no Registro Civil e, agora, temos que aguardar até o dia 16 para marcarmos a data do casamento;, contou.

Miranda destacou a importância do casamento ;in extremis;. ;A pessoa enferma deixa protegido o companheiro. Se essa lei não existisse, isso seria impossível;, afirmou o produtor, referindo-se aos direitos de herança. Ele e Rodrigo Borba pretendem se casar em setembro, o mês da diversidade no Uruguai. ;Temos uma responsabilidade grande, porque assumimos um compromisso civil com a sociedade, mas também sentimos uma alegria por compartilharmos nossas vidas;, declarou. O Senado uruguaio aprovou, em abril passado, a legalização do casamento gay por ampla maioria. Em outro exemplo de pioneirismo, o Congresso sancionou uma lei que legaliza o comércio da maconha.

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