O vice-presidente interino do Egito, Mohamed ElBaradei, pediu o fim da violência em seu país para que seja possível realizar um diálogo com os Irmãos Muçulmanos e outros grupos que apoiam o deposto presidente Mohamed Morsy.
"O que precisamos fazer já, como primeira coisa, é garantir o fim da violência", afirmou ElBaradei, Prêmio Nobel da Paz em 2005, em entrevista ao jornal "The Washington Post".
"Quando conseguirmos isso, temos de iniciar imediatamente um diálogo para nos assegurarmos de que a Irmandade Muçulmana tenha entendido que Morsy fracassou. Mas isso não significa que a Irmandade Muçulmana será excluída, de forma alguma", acrescentou.
Na opinião de ElBaradei, que dirigiu a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU de 1997 a 2009, a Irmandade Muçulmana "deve continuar fazendo parte do processo político, deve continuar participando da redação da nova Constituição, envolvida nas eleições parlamentares e presidenciais".
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Mais de 250 pessoas morreram no último mês em confrontos entre forças de segurança e seguidores de Morsy, que foi afastado do poder em 3 de julho.
A organização islamita - que venceu com ampla vantagem as eleições de 2011, as primeiras da era pós-Hosni Mubarak - recusou-se a negociar com o governo interino.
Dezenas de membros do movimento foram detidos desde a deposição de Mursi, mas ElBaradei mencionou a possibilidade de oferecer imunidade aos que não estiverem envolvidos em crimes.
"Devem cooperar, mas precisam, evidentemente, sentir-se seguros. Precisam de imunidade, precisam sentir que não estão excluídos. São coisas a oferecer", afirmou.
"As pessoas estão muito chateadas comigo, porque eu digo ;vamos dar um tempo, vamos conversar com eles;. O ambiente hoje é ;vamos esmagá-los, não vamos conversar com eles;", revelou.
ElBaradei defendeu a necessidade de se adotar "uma visão de longo prazo para restaurar a ordem", com base "no consenso nacional e na reconciliação".
"Espero que a Irmandade Muçulmana entenda que o tempo não está do lado dela", alertou.