Tunes - O exército tunisiano levava adiante nesta sexta-feira uma operação aérea e terrestre de "grande alcance" contra terroristas no monte Chaambi, perto da fronteira argelina, segundo o porta-voz das forças armadas. "Ontem (quinta-feira) por volta das 22h (18h de Brasília) confrontos entre militantes e um grupo terrorista começaram", indicou o porta-voz das forças armadas tunisianas, Taufik Rahmuni, à emissora de rádio Mosaique FM.
"Ao amanhecer (desta sexta-feira) uma operação de grande alcance, com a utilização de unidades aéreas e terrestres, começou para limpar a montanha" Chaambi, acrescentou. Até o momento, "não matamos nem detivemos terroristas", disse, indicando que não podia informar de quantos combatentes o grupo armado era composto.
O exército tunisiano persegue desde dezembro no monte Chaambi um grupo considerado por ele relacionado à Al-Qaeda. Nesta zona, oito militares tunisianos foram assassinados e mutilados em uma emboscada na segunda-feira (29/7). Desde dezembro, outros três militares e um policial morreram e outros vinte ficaram feridos neste monte.
[SAIBAMAIS]A emboscada de segunda-feira agravou uma crise política que foi desencadeada no dia 25 de julho com o assassinato a tiros do deputado opositor Mohamed Brahmi, um crime atribuído ao movimento jihadista. Nenhuma solução para próxima para resolver a crise, enquanto diversos grupos de oposição e representantes da sociedade civil, que até o momento não conseguiram chegar a um posicionamento comum, exigindo a saída do governo dirigido pelos islamitas do Ennahda.
Alguns desejam ainda a dissolução da Assembleia Nacional Constituinte, eleita em outubro de 2011, mas cujos trabalhos não saem do impasse. O Ennahda rejeita essas reivindicações, propondo formar uma coalizão ampla e realizar eleições em 17 de dezembro. O primeiro-ministro Ali Larayedh e o presidente Moncef Marzouki, um laico aliado aos islamitas, realizaram as primeiras consultas com os partidos na quinta-feira.
Mas as divergências são muitas mesmo dento do governo. Um partido laico aliado ao Ennahda e dois ministros querem a renúncia do atual gabinete. Nas ruas, a mobilização de militantes de ambos os lados continuam uma semana após a morte de um membro da oposição, milhares de manifestantes têm se reunido todas as noites em frente ao ANC depois de quebrar o jejum do Ramadã.
Se os críticos do regime são mais numerosos a ocupar as ruas, o Ennahda convocou uma manifestação em massa "contra o terrorismo" e para defender a sua legitimidade para sábado à noite. Desde a revolução de janeiro de 2011, a Tunísia enfrenta o surgimento de grupos islâmicos violentos. A oposição laica acusa o Ennahda de laxismo e incompetência para desmantelar estes grupos. O assassinato do deputado Brahmi é o segundo do tipo, depois da morte do opositor Chokri Belaid em fevereiro que levou à queda do primeiro governo liderado pelo Ennahda.
O Ministério do Interior estabeleceu uma ligação entre os dois assassinatos, a mesma arma foi utilizada nos dois crimes e os assassinos foram identificados. Os dois, apresentados como militantes salafistas, no entanto, não foram presos e não há indicações sobre os mandantes.
As autoridades tunisinas indicaram um vínculo existente entre o grupo Chaambi, os assassinos dos opositores e a principal organização tunisina salafista, Ansar Ashariaa, liderada por um veterano da guerra no Afeganistão, Abu Iyadh.