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Fidel Castro diz que tentaram caluniar Cuba com caso de navio norte-coreano

"Nos últimos dias tentaram caluniar nossa Revolução, tentando apresentar o chefe de Estado e o Governo de Cuba enganando a Organização das Nações Unidas e outros chefes de Estado, imputando uma dupla conduta", escreveu Castro

HAVANA - O líder cubano Fidel Castro comentou a captura de um navio norte-coreano com armamento cubano no Panamá, afirmando que tentaram caluniar Cuba ao apresentá-la "enganando" a ONU e imputando à ilha uma "dupla conduta" que não tem, em uma carta publicada neste domingo. [SAIBAMAIS]"Nos últimos dias tentaram caluniar nossa Revolução, tentando apresentar o chefe de Estado (Raúl Castro) e o Governo de Cuba (como se estivessem) enganando a Organização das Nações Unidas e outros chefes de Estado, imputando (ao país) uma dupla conduta", escreveu Castro em uma carta aos presidentes de Venezuela, Uruguai, Bolívia e Nicarágua publicada pelo jornal Juventude Rebelde. O Panamá anunciou no dia 16 de julho que o navio norte-coreano "Chong Chon Gang", que havia zarpado de Cuba, foi abordado antes de entrar no canal do Panamá por suspeitas de que carregava drogas, sendo encontrado, no entanto, armamento de fabricação soviética escondido sob toneladas de sacos de açúcar. A embarcação foi retida e seus 35 tripulantes detidos. Cuba admitiu um dia depois, em uma declaração de sua chancelaria, que as armas pertenciam ao país e disse que foram enviadas à Coreia do Norte - que enfrenta um embargo de armas da ONU por seus testes nucleares - para serem reparadas e depois devolvidas à ilha. Fidel Castro, que completará 87 anos no dia 13 de agosto e que delegou o comando do país ao seu irmão Raúl há sete anos por problemas de saúde, abordou brevemente o tema das armas no cargueiro norte-coreano em sua extensa carta, sem mencioná-lo de maneira explícita. Até agora nenhum líder cubano falou publicamente sobre o caso da embarcação norte-coreana. "Não hesito em garantir que, embora durante anos tenhamos nos negado a assinar acordos sobre a proibição de tais armas porque não estávamos de acordo em conceder estas prerrogativas a nenhum Estado, nunca tentaríamos fabricar uma arma nuclear", acrescentou Castro em sua carta destinada aos governantes. A chancelaria cubana disse em sua declaração que no barco iam "240 toneladas métricas de armamento defensivo obsoleto - duas baterias de mísseis antiaéreos Volga e Pechora, nove mísseis em partes, dois aviões Mig-21 Bis e 15 turbinas deste tipo de aparelho - tudo fabricado em meados do século passado".