A Alemanha recorreu à imigração seletiva para solucionar sua falta de mão de obra, abrindo alguns postos a trabalhadores de fora da União Europeia.
Pela primeira vez, a maior economia da UE publicou nesta segunda-feira (23/7) uma lista que agrupa 18 setores com necessidade de pessoal.
Encanadores, enfermeiras, maquinistas, pessoas para trabalhar em asilos e técnicos especializados em mecânica: estas são algumas das profissões que possam exercer os imigrantes não europeus que o desejam.
Berlim, que no ano passado facilitou a permissão de residência a profissionais altamente qualificados, quer agora fazer o mesmo com especialistas de grau médio.
Leia mais notícias em Mundo
A única condição é que os estrangeiros apresentem um diploma que confirme sua formação.
Até agora, a Alemanha negociava acordos bilaterais com as agências de emprego quando necessitava algum tipo de pessoal, informou um porta-voz do Ministério de Economia.
Era o caso do pessoal da saúde procedente de Filipinas e da Croácia, disse.
"É uma pequena revolução, já que pela primeira vez a Alemanha se abre realmente às pessoas de qualificação média", declarou à AFP Thomas Liebig, economista da OCDE.
Segundo um estudo desta organização apresentado em fevereiro, "a Alemanha era um dos países da OCDE com menos barreiras à imigração de trabalhadores altamente qualificados", mas de trabalhadores sem diploma universitário era difícil.
A OCDE disse então que a Alemanha recebia, a cada ano, cerca de 25.000 trabalhadores procedentes de países de fora da UE e de fora da Associação Europeia de Livre Comércio, o que representava cerca de 0,02% da população.
As cifras da Austrália, Dinamarca, Canadá e Reino Unido são cinco vezes maiores.
O país mais envelhecido da Europa
A Alemanha, onde 42% da população tem mais de 50 anos e a taxa de natalidade é muito baixa, está sendo levada em conta da emergência da situação.
Apesar de as pessoas mais velhas podem trabalhar mais tempo, a Alemanha aceita agora a imigração como uma das soluções para seus problemas demográficos. O país está longe do famoso e polêmico slogan eleitoral de um dos chefes do Partido Cristiano Democrata, Jürgen Rüttgers, que em 2000 dizia que era preferível que os alemães tiveram mais crianças a que contrataram a informáticos indianos.
A Alemanha abre agora os braços não só aos trabalhadores dos países europeus em crise ou da Europa oriental.
Em uma página web titulada "Make it in Germany", os Ministérios da Economia e Trabalho, assim como a Agência de Emprego, informam em inglês e em alemão das ofertas trabalhistas, com um foto de uma africana ou um asiático.
"No verão passado, a Alemanha decidiu autorizar a estada, depois de sua formação aos jovens de fora da UE que vieram a estudar ao país", disse Liebig.
As PYMES, espinha dorsal da economia alemã, são as que mais problemas de mão de obra têm, como mostra a lista de trabalhos publicada na segunda-feira, onde se precisa a falta de pessoal especializado em eletrônica.
O alemão continua sendo, contudo, um obstáculo, já que a maioria dos candidatos à imigração não falam o idioma quando chegam ao país.
Segundo Karl Brenke, economista do instituto de Berlim DIW, esta política de abertura esconde em realidade uma nova pressão sobre os salários.
"Não é preciso mão de obra na Alemanha", disse à AFP, e põe o exemplo do "pessoal médico alemão, que prefere trabalhar na Escandinávia ou na Suíça, onde os salários e as condições de trabalho são melhores".
"Este chamado à imigração é uma forma de cortar os salários", afirma.