Cairo - Seis pessoas morreram nesta terça-feira (23/7) em confrontos entre partidários e opositores do presidente islamita deposto Mohamed Mursi no Cairo, informaram os meios de comunicação governamentais, citando fontes do ministério da Saúde.
Na segunda-feira (22/7) quatro pessoas perderam a vida no Cairo e em uma cidade nos arredores da capital, Qaliub, o que eleva a dez os mortos nos distúrbios em menos de 24 horas no Egito.
Há cerca de três semanas, os islamitas ocupam os arredores da universidade e da mesquita Rabaa al-Adawiya, no nordeste do Cairo. Pedem o retorno ao poder de Mursi, destituído no dia 3 de julho pelo exército, ressaltando que é o primeiro presidente egípcio eleito democraticamente.
Já seus adversários consideram que Mursi foi desqualificado por uma gestão favorável apenas ao seu próprio setor, e acrescentam que as gigantescas manifestações que ocorreram no fim de junho nas quais era exigida sua renúncia mostraram sua perda de legitimidade.
"Virar uma nova página"
A organização Human Rights Watch (HRW) lançou, por sua parte, um grito de alerta ante o aumento da violência contra a comunidade cristã copta (6% a 10% da população). "Desde a destituição de Mursi, em 3 de julho, ao menos seis ataques contra cristãos ocorreram em diversas localidades do Egito", escreveu a HRW, que acusa os partidários de Mursi de vários incidentes, mas também destaca a falta de ação policial frente a esta violência na maior parte dos casos.
O mais grave ocorreu em 5 de julho, em Naga Hasan, perto de Luxor (sul), quando quatro cristãos foram assassinados a pancadas pelos habitantes, indicou HRW em um comunicado. Na véspera, a família de Mursi, detido em um lugar secreto desde a sua destituição pelo Exército, denunciou seu "sequestro".
"Estamos prestes a apresentar processos legais localmente e internacionalmente contra Abdel Fattah al-Sissi, que liderou o golpe de Estado militar, e contra seu grupo golpista", declarou a filha do presidente deposto, Shaimaa Mursi, indicando que "os considera plenamente responsáveis pela saúde e pela integridade do presidente Mursi". O novo poder político não respondeu aos pedidos dos Estados Unidos e da União Europeia para que liberte Mursi, limitando-se a assegurar que ele está sendo bem tratado.
As autoridades de transição, por outro lado, continuam aplicando seu "mapa do caminho" com o juramento, na segunda-feira, dos ministros da Justiça e dos Transportes, que completam a equipe governamental instaurada há uma semana. Por sua parte, a Irmandade Muçulmana reiterou que não aceita as novas autoridades ao se reunir, na segunda-feira, com os membros islamitas da Câmara Alta, que assumia o poder legislativo até sua dissolução durante a destituição de Mursi.