Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, destacou a "incrível dignidade" dos pais de Martin e pediu que a "desconfiança" entre os negros e a polícia seja reduzida.
Adotando um tom muito pessoal e fazendo pausas entre suas palavras, o mandatário disse que não podia "imaginar pelo que passaram" os pais do jovem, mas também considerou que o julgamento de Zimmerman foi justo e que o veredicto havia sido pronunciado por um júri soberano.
"Quando o júri se pronuncia, é aí que funciona o nosso sistema", destacou. Mas "quando Trayvon Martin foi abatido, eu disse que podia ter sido meu filho. Outra forma de dizer isso é que, há 35 anos, eu poderia ter sido Trayvon Martin", afirmou Obama.
"A comunidade afroamericana percebe estes casos através de um conjunto de experiências, e de uma história que não desaparece. Poucos homens afroamericanos não viveram a experiência de ser seguidos (por vigias) em um centro comercial onde estavam fazendo compras. Este foi o meu caso", contou.
"A comunidade afroamericana sabe também que existe uma história de desequilíbrios raciais na aplicação de nossas leis penais", acrescentou, "e isso acaba tendo um impacto em como interpretam os casos" criminais.
O presidente afirmou que é "compreensível que tenha havido manifestações e vigílias, se continuarem sendo sem violência. Se houver violência, gostaria de lembrar que isso desonrará o que ocorreu com Trayvon Martin e sua família".
Obama pediu que as pessoas encontrem uma forma de "reduzir a espécie de desconfiança em relação ao sistema" que existe entre "alguns afroamericanos" e a polícia.
Os pais de Trayvon, Tracy Martin e Sybrina Fulton, disseram que ficaram "profundamente honrados e comovidos" com os comentários de Obama.
"O presidente Obama vê a si mesmo em Trayvon e se identifica com ele. Este é um belo tributo para nosso menino", indicaram em um comunicado.
"Buscamos um futuro no qual um menino possa andar pela rua sem se preocupar com que outros o vejam como perigoso pela cor de sua pele ou pelas roupas que usa", acrescentaram.