Agência France-Presse
postado em 17/07/2013 18:16
HAVANA - A interceptação de um cargueiro da Coreia do Norte no Panamá com material bélico de Cuba expôs a obsolescência do armamento cubano, cujo governo, há 40 anos, destacava-se por seu poderio militar nas décadas de 1970 e 1980 e por sua bem-sucedida intervenção em Angola.
Segundo as autoridades da Ilha, a carga segue para conserto e revisão no país comunista asiático.
"São esses (equipamentos) o equivalente militar dos famosos automóveis americanos clássicos de meados do século (passado) que - embora pareça impossível - circulam pelas ruas das cidades cubanas mais de meio século depois, não por prazer, mas por necessidade?", questionou Anya Landau French, editora do blog The Havana Note e especialista nas relações entre Washington e Havana.
"Há tempos que o Exército cubano é apenas uma sombra do que foi nos últimos anos da Guerra Fria, quando era capaz de exportar milhares de soldados e equipamentos para Angola, e derrotar o Exército da África do Sul", disse à AFP um diplomata ocidental em Havana, pedindo para não ser identificado.
"Desde a queda da URSS, reduziu-se drasticamente, sempre equipado com material soviético dos anos 1980", acrescentou.
Ao longo de três décadas, a ilha recebeu US$ 30 bilhões em armamentos da extinta União Soviética, segundo números oficiais, mas esse fornecimento "acabou de forma abrupta em 1990", disse Raúl Castro em 2001, quando era ministro das Forças Armadas.
Desde então, a ilha não adquiriu novas armas, segundo o governo, e a indústria nacional se dedicou modernizar os antigos equipamentos.
Dos cerca de 300 mil homens no início dos anos 1990, as Forças Armadas cubanas contam agora com 60 mil, de acordo com estimativas de vários institutos especializados, na ausência de números oficiais cubanos.
A Força Aérea conta com pelo menos 50 aviões em serviço - MiG-21, 23 e 29 -, alguns helicópteros e aviões de transporte Antonov. Já a Marinha dispõe de cerca de 20 embarcações.
Na terça-feira (16/7), quase 24 horas depois que o Panamá anunciou a descoberta, Havana reconheceu que as armas no cargueiro norte-coreano "Chong Chon Gang" eram suas.
"No navio citado são transportadas 240 toneladas de armamento defensivo obsoleto - duas baterias de mísseis antiaéreos Volga e Pechora, nove mísseis em partes, dois aviões Mig-21 Bis e 15 turbinas deste tipo de aparelho - tudo fabricado em meados do século passado - para ser reparado e devolvido ao nosso país", informou a chancelaria em Havana.
O governo comunista mantém sua preocupação com a defesa, diante de uma eventual invasão americana. Às forças regulares, somam-se um milhão de milicianos e 3,5 milhões de membros das "brigadas de produção e defesa".
A penúria atual não reflete os áureos tempos da Guerra Fria, quando a ilha teve, inclusive, capacidade de intervir militarmente na África.
Em outubro de 1975, Fidel Castro enviou o primeiro contingente militar a Angola. O objetivo era responder ao pedido de seu amigo Agostinho Neto e seu movimento MPLA, que acabava de chegar ao poder após a retirada portuguesa e enfrentava as guerrilhas de Holden Roberto - com suporte do Zaire - e da Unita, de Jonas Savimbi, que agia apoiado pela África do Sul do regime de minoria branca.
Nos 16 anos em Angola (1975-1991), intervieram de forma rotativa mais de 377 mil soldados e 56 mil oficiais cubanos.
A presença militar cubana também se estendeu para a Etiópia e para outras nações africanas. Nenhum outro país da América Latina teve uma mobilização desse porte em outro continente.
Em 2 de dezembro de 2006, aniversário das Forças Armadas e celebração atrasada pelos 80 anos de Fidel Castro, Cuba fez seu primeiro desfile militar em uma década, no qual mostrou tanques, carros de combate e canhões modernizados na Ilha. Como Fidel estava doente desde julho, seu aniversário não pôde ser comemorado em 13 de agosto.
Velhos tanques soviéticos T-55 e T-62, morteiros 120 milímetros, canhões de 130 milímetros de grande alcance, canhões duplos antiaéreos de 23, 37 e 57 milímetros, desfilaram na Plaza de la Revolución da Havana.
Segundo as autoridades da Ilha, a carga segue para conserto e revisão no país comunista asiático.
"São esses (equipamentos) o equivalente militar dos famosos automóveis americanos clássicos de meados do século (passado) que - embora pareça impossível - circulam pelas ruas das cidades cubanas mais de meio século depois, não por prazer, mas por necessidade?", questionou Anya Landau French, editora do blog The Havana Note e especialista nas relações entre Washington e Havana.
"Há tempos que o Exército cubano é apenas uma sombra do que foi nos últimos anos da Guerra Fria, quando era capaz de exportar milhares de soldados e equipamentos para Angola, e derrotar o Exército da África do Sul", disse à AFP um diplomata ocidental em Havana, pedindo para não ser identificado.
"Desde a queda da URSS, reduziu-se drasticamente, sempre equipado com material soviético dos anos 1980", acrescentou.
Ao longo de três décadas, a ilha recebeu US$ 30 bilhões em armamentos da extinta União Soviética, segundo números oficiais, mas esse fornecimento "acabou de forma abrupta em 1990", disse Raúl Castro em 2001, quando era ministro das Forças Armadas.
Desde então, a ilha não adquiriu novas armas, segundo o governo, e a indústria nacional se dedicou modernizar os antigos equipamentos.
Dos cerca de 300 mil homens no início dos anos 1990, as Forças Armadas cubanas contam agora com 60 mil, de acordo com estimativas de vários institutos especializados, na ausência de números oficiais cubanos.
A Força Aérea conta com pelo menos 50 aviões em serviço - MiG-21, 23 e 29 -, alguns helicópteros e aviões de transporte Antonov. Já a Marinha dispõe de cerca de 20 embarcações.
Na terça-feira (16/7), quase 24 horas depois que o Panamá anunciou a descoberta, Havana reconheceu que as armas no cargueiro norte-coreano "Chong Chon Gang" eram suas.
"No navio citado são transportadas 240 toneladas de armamento defensivo obsoleto - duas baterias de mísseis antiaéreos Volga e Pechora, nove mísseis em partes, dois aviões Mig-21 Bis e 15 turbinas deste tipo de aparelho - tudo fabricado em meados do século passado - para ser reparado e devolvido ao nosso país", informou a chancelaria em Havana.
O governo comunista mantém sua preocupação com a defesa, diante de uma eventual invasão americana. Às forças regulares, somam-se um milhão de milicianos e 3,5 milhões de membros das "brigadas de produção e defesa".
A penúria atual não reflete os áureos tempos da Guerra Fria, quando a ilha teve, inclusive, capacidade de intervir militarmente na África.
Em outubro de 1975, Fidel Castro enviou o primeiro contingente militar a Angola. O objetivo era responder ao pedido de seu amigo Agostinho Neto e seu movimento MPLA, que acabava de chegar ao poder após a retirada portuguesa e enfrentava as guerrilhas de Holden Roberto - com suporte do Zaire - e da Unita, de Jonas Savimbi, que agia apoiado pela África do Sul do regime de minoria branca.
Nos 16 anos em Angola (1975-1991), intervieram de forma rotativa mais de 377 mil soldados e 56 mil oficiais cubanos.
A presença militar cubana também se estendeu para a Etiópia e para outras nações africanas. Nenhum outro país da América Latina teve uma mobilização desse porte em outro continente.
Em 2 de dezembro de 2006, aniversário das Forças Armadas e celebração atrasada pelos 80 anos de Fidel Castro, Cuba fez seu primeiro desfile militar em uma década, no qual mostrou tanques, carros de combate e canhões modernizados na Ilha. Como Fidel estava doente desde julho, seu aniversário não pôde ser comemorado em 13 de agosto.
Velhos tanques soviéticos T-55 e T-62, morteiros 120 milímetros, canhões de 130 milímetros de grande alcance, canhões duplos antiaéreos de 23, 37 e 57 milímetros, desfilaram na Plaza de la Revolución da Havana.