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Talibã critica a menina Malala e diz que ela deve voltar ao Paquistão

Malala fez um impressionante discurso na ONU na última sexta-feira (12/7), em sua primeira aparição pública desde o ataque que quase a matou

na última sexta-feira (12/7), em sua primeira aparição pública desde o ataque que quase a matou, e prometeu continuar sua luta pela educação e não ser silenciada pelos militantes.

Em uma carta aberta divulgada nesta quarta-feira (17/7), Adnan Rasheed, um ex-membro da força aérea que entrou para os quadros do TTP, disse que gostaria que o ataque não tivesse ocorrido, mas acusou Malala de executar uma campanha para manchar a imagem dos militantes.

"É incrível que você esteja gritando a favor da educação; você e a ONU fingem que você foi baleada por causa da educação, mas esta não é a razão... não é pela educação, mas sua propaganda é a questão", escreveu Rasheed.

"O que você está fazendo agora é usar a língua para acatar ordens dos outros".



A carta, escrita em inglês, foi enviada para jornalistas no noroeste do Paquistão e sua autenticidade foi confirmada à AFP por um integrante do grupo talibã que é um colaborador próximo de Rasheed.

Na carta, Rasheed também acusou Malala de tentar promover um sistema educacional iniciado pelos colonizadores britânicos para produzir "asiáticos no sangue, mas ingleses por gosto", e disse que os alunos devem estudar o Islã, e não o que chama de "currículo secular ou satânico".

"Aconselho você a voltar para casa, a adotar a cultura islâmica e pashtun, a participar de qualquer madrassa islâmica feminina perto de sua cidade natal, a estudar e aprender com o livro de Alá, a usar sua caneta para o Islã e a se comprometer com a comunidade muçulmana", escreveu Rasheed.

Ele disse que originalmente queria escrever para Malala para alertá-la a não criticar o talibã quando ela escrevia um blog para o serviço em Urdu da BBC, projeto que a lançou à fama e no qual narrava a vida sob o regime talibã de 2007 a 2009 no Vale do Swat.

O grupo talibã destruiu centenas de escolas no noroeste do Paquistão, uma área na linha de frente dos confrontos entre o governo e os islamitas extremistas.

Mas Rasheed afirmou que os ataques foram necessários porque as forças do governo utilizaram as escolas como esconderijos e bases.

"Ninguém vai acreditar em uma palavra do talibã sobre o direito de meninas como Malala irem à escola até que parem de queimar escolas e de massacrar alunos", disse Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico e enviado especial das Nações Unidas para a Educação Global, que apoia Malala desde que ela foi baleada.

Rasheed foi condenado à morte por um ataque em 2003 contra o então presidente paquistanês General Pervez Musharraf, mas escapou da prisão durante uma fuga em massa em abril do ano passado.