Líderes religiosos negros prometeram nesta terça-feira (16/7) aproveitar a indignação provocada pelo caso Trayvon Martin para tentar revogar leis americanas que permitem o uso de armas ante uma ameaça e exigir direitos civis.
Em frente à sede do Departamento de Justiça, em Washington, o reverendo Al Sharpton, da igreja Batista e ativista dos direitos políticos e civis, anunciou um Dia de Justiça Nacional em memória ao jovem Trayvon no sábado, com manifestações em mais de 100 cidades em todo o país.
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"Pessoas de todo o país vão se reunir para mostrar que não estamos tendo um acesso de raiva de dois ou três dias", disse Sharpton, acompanhado por mais de dez lideranças religiosas afroamericanas.
"Este é um movimento social por justiça", insistiu.
Sharpton acrescentou que "dezenas de milhares" vão se reunir em Washington para uma marcha de protesto no dia 24 de agosto, antes do quinquagésimo aniversário da histórica marcha liderada por Martin Luther King na capital americana.
A absolvição do vigia voluntário George Zimmerman, no último sábado, pelo assassinato a tiros do adolescente negro desarmado Trayvon Martin, na Flórida (sudeste), revoltou a comunidade afroamericana.
Sharpton quer pressionar o Departamento de Justiça a reabrir uma investigação de direitos civis sobre o incidente, suspensa quando Zimmerman foi preso seis semanas após o assassinato.
O procurador-geral Eric Holder, que considerou a morte de Trayvon Martin "trágica e desnecessária", convocou na segunda-feira um diálogo sobre as questões raciais, mas não anunciou um processo civil.
Sharpton, fundador da Rede de Ação Nacional (NAN, por sua sigla em inglês), prometeu uma grande campanha contra a chamada lei "Defenda sua posição" na Flórida "e em outros 29 estados", que permite que os cidadãos usem força letal quando se sintam ameaçados.
"A lei ;Defenda sua posição; não foi usada diretamente no julgamento (de Zimmerman), mas está inteiramente relacionada com o que aconteceu neste julgamento", disse ele, acrescentando que essa lei representa "uma nova ameaça aos direitos civis e humanos".
"Vamos ser claros. É devido a essa lei que qualquer pessoa que está caminhando, sem cometer qualquer crime, pode ser seguida ou abordada por outro civil, que pode usar força letal e dizer que foi em legítima defesa", ressaltou.
Estabelecer uma estratégia contra essas práticas, incluindo um boicote às empresas conhecidas por apoiarem esta legislação, será o tema de uma reunião de três dias de líderes religiosos em Miami na próxima semana, comunicou.
Além disso, segundo o jornal Hollywood Reporter, o músico Stevie Wonder prometeu tomar uma iniciativa de protesto.
"Decidi que até que a lei ;Defenda sua terra; seja abolida na Flórida, não vou cantar" no estado, disse Wonder no domingo, em Quebec City, onde participou do festival de verão.
"Na verdade, não vou cantar em qualquer estado ou região do mundo onde exista uma lei como essa."