O presidente deposto do Egito Mohamed Morsy, o primeiro eleito livremente do país, passou a ser alvo de uma investigação criminal da Promotoria Pública egípcia, aberta ontem. O órgão recebeu queixas de que ele e outros líderes da Irmandade Muçulmana teriam praticado espionagem, incitado mortes de manifestantes e causado danos à economia do país. Desde sexta-feira, a primeira do mês sagrado muçulmano Ramadã, partidários do ex-presidente se reúnem na capital Cairo em uma grande manifestação contra sua deposição.
A Promotoria Pública do Egito não divulgou quem apresentou as queixas contra Morsy e os demais membros do grupo islamita. Ao fim da investigação, eles deverão ser convocados para um interrogatório. O sistema legal egípcio permite que promotores investiguem relatos feitos pela polícia ou por qualquer membro do público, mas as acusações formais podem demorar dias ou meses. Promotores raramente emitem comunicados baseados em queixas antes de as acusações formais serem feitas.
Morsy está detido em um lugar desconhecido desde que as Forças Armadas o removeram do poder, no último dia 3. As suspeitas são de que ele estaria nas dependências da Guarda Republicana. Até ontem, porém, ele não era acusado formalmente de qualquer crime. Os militares dizem que a remoção de Morsy foi justificada depois que milhões de pessoas fizeram passeatas e protestos contra ele. A Irmandade denunciou, porém, o que chamou de golpe militar.