O Bolshoi será comandado a partir de agora por Vladimir Urin, que era diretor do teatro moscovita Stanislavski e Nemirovich-Danchenko. Iksanov, que dirigia o Bolshoi desde 2000, tinha contrato até outubro de 2014.
O ministro destacou que a decisão foi tomada pela "complicada situação" no teatro desde que o diretor artístico Serguei Filin foi atacado com ácido em janeiro.
Agredido em 17 de janeiro por um homem que jogou ácido em seu rosto na porta do edifício em que mora em Moscou, Filin sofreu queimaduras graves no rosto e nos olhos.
Filin recebeu enxerto de pele e passou por várias cirurgias nos olhos na Rússia. Atualmente passa por tratamento na Alemanha, mas ainda não conseguiu recuperar a vista.
A agressão provocou um escândalo sem precedentes que revelou os conflitos internos na instituição de renome internacional.
Em junho, o Bolshoi anunciou a saída do bailarino Nikolai Tsiskaridze, uma de suas estrelas, em conflito aberto com Ikasanov e rival de Filin. O bailarino, que nunca escondeu a ambição de um dia comandar o Bolshoi, foi acusado abertamente pela direção do teatro de ser o responsável pelo ataque, apesar de outro bailarino estrela, Pavel Dmitritchenko, estar preso desde março como principal suspeito.
Outros escândalos agitaram a instituição nas últimas semanas.
A bailarina Svetlana Zakharova, de fama mundial, se recusou recentemente dançar na estreia do balé Oneguin, do coreógrafo sul-africano John Cranko, junto com o bailarino americano David Hallberg. De acordo com a imprensa russa, ela tomou a decisão após ser notificada que não dançaria as primeiras apresentações, as mais prestigiosas. O porta-voz do teatro informou que a repartição dos espetáculos entre os bailarinos havia sido decidida pela equipe de diretores de arte do balé de Stuttgart, que reconstitui o balé de Moscou.
Antes disso, Svetlana Lounkina, uma bailarina que fugiu para o Canadá após receber ameaças, denunciou em entrevista ao jornal Izvestia a "atmosfera ruim" que reinava no Bolshoi. Ela contou também que o diretor artístico, Serguei Filin, impôs bailarinos de sua escolha aos coreógrafos estrangeiros que trabalharam no Bolshoi, o que causou diversos protestos. O novo diretor, Vladimir Urin, declarou querer apaziguar a situação. "Eu não pretendo fazer uma revolução e entendo perfeitamente que neste teatro, como em qualquer outro, um homem não pode fazer tudo sozinho", afirmou. "Espero sinceramente que as pessoas que trabalham neste teatro, pessoas talentosas e excepcionais, sejam minhas aliadas. Só assim poderemos solucionar os problemas atuais", continuou Urin.
O meio artístico elogiou a escolha do Ministério da Cultura. "Urin é um diretor muito experiente, que possui uma visão muito clara do teatro musical contemporâneo", comentou à AFP Alexei Parin, crítico de teatro e de música, enfatizando que, sob sua direção, o teatro Stanislavski ganhou fama internacional.