Anas Aymas, manifestante da região de Gharbeya, no Delta do Nilo, acusa a presença de policiais à paisana em meio às manifestações.
"Eles entraram pela direita e começaram a atirar enquanto fazíamos as preces. Depois, se esconderam atrás de um carro da Polícia. Nós chamamos o exército para nos proteger, mas eles também nos atacaram", afirma a mulher.
Outras testemunhas relatam ainda que os soldados atiraram para o alto para dispersar os manifestantes, e que foram homens vestidos como civis que abriram fogo contra a multidão.
"Os homens vieram e atiraram contra a gente, enquanto o Exército disparava bombas de gás lacrimogêneo", conta Hussein, outra testemunha.
Morador do bairro, Baddredine Adel conta que "os simpatizantes da Irmandade Muçulmana jogaram coquetéis Molotov contra o Exército", causando um princípio de incêndio num prédio vizinho.
"A polícia atirou contra a gente", afirma Ayman Sayyed, cujo rosto estava coberto de sangue, mas não apresentava ferimentos. Alguns pacientes saíam do hospital cobertos de bandagens, mas com poucos vestígios de sangue aparentes.
Já o Exército explicou por meio de comunicado de imprensa que "terroristas armados" atacaram a sede da Guarda Republicana. A nota foi publicada no jornal al-Ahram, do governo.
"Nós não vamos permitir ameaças à segurança nacional egípcia, quaisquer que sejam as circunstâncias", declarou o porta-voz do exército, coronel Ahmed Ali.
O coronel Ali afirmou que "um grupo armado atacou" soldados por volta das 04h00 da manhã (23h00 de Brasília). De acordo com ele, o Exército teria então respondido "dando tiros para o alto e disparando bombas de gás lacrimogêneo" e "só interveio após ter sido atacado pelo outro lado".
O porta-voz disse ainda que um oficial do Exército foi morto durante os confrontos, e que 42 soldados ficaram feridos.