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Parque Gezi, bastião dos protestos na Turquia, será reaberto no domingo

O governo local informou, no entanto, que de agora em diante nenhuma manifestação será tolerada

Istambul - O parque Gezi, localizado junto à praça Taksim de Istambul e cujo fechamento esteve no centro dos protestos anti-governamentais na Turquia, será reaberto ao público neste domingo, anunciou o governador da metrópole turca. O governo local informou, no entanto, que de agora em diante nenhuma manifestação será tolerada. O parque, vizinho à praça Taksim, foi ocupado por manifestantes contrários à reurbanização do local.

"Nós pretendemos reabrir o parque Gezi amanhã (domingo) ou no mais tardar na segunda-feira para que ele volte a ser utilizado pelas pessoas", disse Hüseyin Avni Mutlu à imprensa. Mutlu pediu que os moradores de Istambul não usem mais o local -- um dos únicos espaços verdes da cidade -- para organizar manifestações, advertindo que haverá repressão policial.

[SAIBAMAIS]"Os parques não são locais de manifestações (...) Eles devem ser usados como um lugar de repouso, tranquilidade, para todos os cidadãos", afirmou o governador. Foi neste parque que eclodiu, em maio, o movimento de contestação sem precedentes na história do país contra o regime islâmico-conservador, que está no poder desde 2002.


Militantes ecologistas, contrários à retirada das árvores da praça para um projeto habitacional, foram violentamente retirados pelas forças de choque no dia 31 de maio, dando início ao movimento de três semanas contra o autoritarismo do regime e uma suposta islamização do país.

Um Tribunal de Istambul invalidou o controverso projeto de urbanização da área de Taksim, decisão recebida como uma vitória pelo grupo "Solidariedade Taksim", que representa os manifestantes.

O grupo convocou um protesto para a noite deste sábado na praça Taksim. O governador, no entanto, afirmou que este tipo de reunião não é "legal". "Nós não podemos permitir tal encontro", disse. Pelo menos quatro pessoas morreram e mais de 7.800 ficaram feridas durante as manifestações recentes que varreram toda a Turquia, segundo dados da União dos Médicos do país. Milhares de pessoas foram presas, mas a maior parte já está em liberdade.