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Irmandade Muçulmana fracassa em primeira experiência no poder

Após 80 anos de espera para chegar ao poder no Egito, Irmandade Muçulmana fracassa após 12 meses de sua primeira experiência no poder



Após prestar sermão em 30 de junho de 2012, Mohamed Morsy procurou se impor na cena política ao fortalecer seus próprios poderes em novembro.

Mohamed ElBaradei, um dos líderes da oposição, acusou o presidente de abuso de poder, chamando-o de o "novo faraó". As primeiras manifestações em massa contra o presidente islâmico foram organizadas logo em seguida.

Ele agravou ainda mais a sua situação ao incentivar a redação da Constituição por uma comissão dominada por islamistas, cujos trabalhos foram boicotados pelos liberais e cristãos coptas.

Morsy e a Irmandade Muçulmana acabaram por arruinar suas chances ao não encontrarem saídas para a crise econômica e não conquistarem o apoio do Exército.

"É verdade que os islamitas registraram bons resultados nas eleições e que precisaram enfrentar problemas enormes", escreveu Brown no site do New Republic.

"Mas também é verdade que Morsy e a Irmandade Muçulmana cometeram outras faltas graves (...) como concentrar o poder e não ser capaz de criar coalizões", acrescenta.

"Eles ignoraram potenciais aliados, ignoraram o descontentamento crescente e se concentraram em consolidar seu poder", diz o analista.

O grupo de inteligência americano Stratfor ressalta que o Exército também desempenhou um papel na queda do presidente islamita.

"Morsy nunca assumiu o controle do aparelho de governo, em parte porque ele era politicamente fraco, em parte porque a Irmandade Muçulmana não estava preparada para exercer o poder e, em parte, porque o Exército não permitiu", escreveu o grupo em seu site.

"Os militares não queriam o caos (...) Eles não tinham confiança na Irmandade Muçulmana e eles ficaram felizes em forçá-la a deixar o poder", acrescenta Stratfor.