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Opositores festejam no palácio presidencial após queda de Morsy

A presença de Morsy no prédio não é certa, mas pouco importa para os manifestantes

Cairo - "Nós o esqueceremos logo", gritavam os manifestantes hostis ao presidente islamita Mohamed Morsy. Milhares festejavam nas imediações do palácio presidencial e na Praça Tahrir após o anúncio de sua deposição pelo Exército.

"Morsy merece um fim como este. Ele era apenas o presidente da Irmandade Muçulmana", afirma Amr Mohamed, de 40 anos, levando sua filha nos ombros, perto da sede da Presidência no bairro de Heliópolis.

A presença de Morsy no prédio não é certa, mas pouco importa para os manifestantes, que consideram o local altamente simbólico. Um grupo de mulheres levou uma mesa para a rua para distribuir água e lanches. "Isto é para o bem do Egito. Nós comemoramos o fato de termos nos livrado de Morsy" afirma uma delas, Nehal Sery.

Nas amplas avenidas diante do palácio presidencial, cercado por uma muralha de proteção, a multidão agitava bandeiras e entoa hinos patrióticos. No centro do Cairo, na emblemática Praça Tahrir, onde grandes manifestações precederam o anúncio da deposição do presidente islamita, grupos de manifestantes abraçaram membros das forças de segurança, chamando eles de heróis.

Não muito longe de lá, em Nasr City, onde partidários do presidente deposto normalmente de reuniam, um dos opositores a Morsy, Omar Sharif diz exultante: "É um momento histórico. Nos livramos de Morsy e da Irmandade Muçulmana", afirma.

Na véspera, Morsy novamente defendeu sua legitimidade democrática para recusar a "imposição" dos militares. "Ele fala de legitimidade, nós falamos de liberdade", gritavam os manifestantes.

"Nossa revolta é contra a Irmandade Muçulmana, não apenas contra Morsy", afirma a manifestante Mona Hamdy.

A algumas ruas dali, o mesmo ambiente era sentido diante do Ministério da Defesa, QG do chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sissi, saudado como aquele que derrubou o presidente. Lá também, as pessoas agitavam bandeiras e bradavam "Egito, Egito".

Comerciantes de rua prosperam vendendo imagens do general Sissi e bandeiras com a inscrição "Que Deus proteja o Exército". Em um palco são feitos apelos com um alto-falante para que cada um convidasse seus amigos a se juntar às manifestações contra Morsy.

Morsy é acusado por seus críticos de ter dividido o país ao governar em benefício de seu movimento, a Irmandade Muçulmana. Ele também é criticado por ter deixado o país mergulhar na crise econômica e por não ter conseguido reduzir os índices de criminalidade, que registraram um forte aumento após a queda de Hosni Mubarak, no início de 2011.

A população cristã copta é amplamente hostil ao presidente, e muitos egípcios adeptos de um Islã moderado consideram que ele foi complacente com os fundamentalistas salafistas.