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Mursi se reúne com chefe do Exército; confrontos no Cairo têm 7 mortos

O presidente islamita egípcio, que rejeitou o ultimato do Exército, se reuniu nesta terça-feira (2/7) com o chefe do Exército

CAIRO - Partidários e opositores do presidente egípcio Mohamed Mursi voltaram a entrar em confronto, deixando pelo menos sete mortos no Cairo, antes da expiração de um prazo estabelecido pelo Exército para o chefe de Estado "atender às reivindicações do povo".

Sete pessoas morreram em confrontos entre manifestantes pró e anti-Mursi na capital, onde grandes manifestações estão em andamento, indicaram fontes médicas à AFP. Esses enfrentamentos registrados no bairro de Gizé também deixaram dezenas de feridos, incluindo alguns atingidos por tiros, indicaram essas fontes. Tumultos também eclodiram em outros bairros da periferia do Cairo e na província de Beheira.



O presidente islamita egípcio, que rejeitou o ultimato do Exército, se reuniu nesta terça-feira (2/7) com o chefe do Exército, o general Abdel Fattah al-Sissi. Nenhum detalhe a respeito desta reunião foi divulgado por ora.

A oposição egípcia anunciou a designação de Mohammed El Baradei, ex-diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), como seu representante, visando a uma transição política.

O ultimato do Exército foi elogiado pela oposição, que acusa o presidente de querer instaurar um regime autoritário em favor da Irmandade Muçulmana, movimento ao qual pertence.

Já os partidários do chefe de Estado insistem na legitimidade do primeiro presidente eleito democraticamente no país.

O clima era de tensão desde o início do dia. O manifestante Mostafa Gharib manifestou à AFP o seu temor de que islamitas "lutem até o fim antes de cair". Para Mona Elghazawy, "a batalha agora é" contra os islâmicos.

Um grande esquema de segurança da polícia foi montado no Cairo, enquanto helicópteros do Exército sobrevoavam a cidade.

Um dos líderes da Irmandade Muçulmana chegou a pedir aos egípcios que estejam dispostos a sacrificar suas vidas e que evitem um golpe de Estado.

"Buscar o martírio para evitar este golpe é o que podemos oferecer aos mártires anteriores da Revolução", afirmou Mohamed al-Beltagui, em referência aos quase 800 mortos durante a rebelião de 2011, que levou à queda de Hosni Mubarak.

Dezenas de milhares de partidários do presidente se reuniram no bairro de Nasr City e em frente à Universidade do Cairo, na outra margem do Nilo.

"A posição do Exército é preocupante e perturbadora. Se eles tomarem o país, vamos fazer uma revolução islâmica", advertiu Mohamed Abdel Salem, um manifestante pró-Mursi.

"Acorde Sissi, Mursi é o meu presidente", cantava a multidão ao ministro da Defesa. Alia Youssef, engenheira de 24 anos, disse estar "pronta para morrer em defesa da legitimidade (do presidente) e para dizer ;não; a um golpe militar."

Em um comunicado, a Presidência afirmou que o "Egito não permitirá um recuo, sejam quais forem as circunstâncias".

Esta resposta obrigou o Exército a desmentir qualquer plano de golpe de Estado e a esclarecer que o ultimato, lido por seu chefe, o general Abdel Fatah al-Sissi, pretendia "levar todos os setores políticos a encontrar uma saída rápida para a crise atual".

A Frente de Salvação Nacional (FSN, principal coalizão opositora), expressou nesta terça-feira sua confiança nas intenções dos militares e esclareceu que não apoiará um "golpe de Estado militar".

Mursi está cada vez mais isolado após a renúncia de cinco de seus ministros, incluindo o das Relações Exteriores, Mohamed Kamel Amr, e de seu próprio porta-voz, Ehab Fahmy. O porta-voz do governo, Alaa al-Hadidi, também abandonou o cargo.