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Milhões de egípcios saem às ruas para exigir renúncia do presidente

As manifestações são as maiores realizadas no país desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011

A praça Tahrir virou símbolo da mobilização que expulsou do poder o presidente Hosni Mubarak em 2011.

Partidários do presidente islamita prosseguiam com um ato de apoio no bairro de Nasr City, perto de Heliópolis, para defender a "legitimidade" do primeiro presidente civil e islamita, eleito no país há um ano.

O Partido da Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, movimento de Mursi, convocou uma "mobilização geral" para defender o chefe de Estado.

Para evitar distúrbios neste domingo, o Exército e a polícia foram mobilizados em todo o país, reforçando a proteção de instalações vitais, em especial o Canal de Suez.

Desde quarta-feira, atos de violência ocorreram em Alexandria e nas províncias do Delta do Nilo, entre partidários e opositores de Mursi, e deixaram oito mortos, incluindo um americano.

== A campanha "Tamarrod" ==

O domingo é considerado essencial na campanha do movimento Tamarrod (rebelião, em árabe), que convocou protestos para exigir a saída de Mursi no dia em que ele completa um ano como presidente.

O Tamarrod, apoiado por várias personalidades da oposição laica, liberal ou de esquerda, afirma ter conseguido 22 milhões de assinaturas a favor de uma eleição presidencial antecipada, o que representa mais do que o número de votos obtidos por Mursi na eleição de junho de 2012 (13,23 milhões).

As divisões são muito profundas no Egito, país árabe de maior população, com 80 milhões de pessoas, afetado pela crise, com uma economia abalada pela inflação e pelo desemprego, além de uma forte desvalorização da moeda nacional, a libra egípcia.

Os adversários de Mursi o acusam de autoritarismo e de desejar instaurar um regime dominado pelos islamitas. Seus simpatizantes, porém, afirmam que a legitimidade está assegurada na primeira eleição livre da história do Egito, e acusam a oposição de planejar um "golpe de Estado".

O primeiro ano de Mursi no poder foi marcado por várias crises, especialmente no fim de 2012, durante a redação e aprovação por referendo de uma nova Constituição, apoiada pelos islamitas, mas que dividiu o país.