Nesta manhã, vinte crianças cantaram e dançaram na rua, desejando a recuperação do herói nacional, que completará 95 anos em 18 de julho. Na África do Sul, "o presidente Obama falará sobre o legado de Nelson Mandela, e isto ocupará grande parte de nosso tempo", declarou o conselheiro adjunto da segurança dos Estados Unidos, Ben Rhodes. Obama se reunirá com o presidente sul-africano, Jacob Zuma, e visitará o município de Soweto no sábado, antes de viajar no domingo ao Cabo.
O presidente americano também visitará a prisão de Robben Island, onde Mandela passou 18 dos 27 anos em que esteve detido. Trata-se de mais uma visita simbólica de Obama, que visitou na quinta-feira a Ilha de Goreia, símbolo da escravidão. Foi em Robben Island, onde Mandela passou vários anos quebrando pedras e respirando a poeira que prejudicou irreversivelmente seus pulmões.
De acordo com o governo sul-africano, não está previsto que Obama visite Mandela, devido a seu estado de saúde. Nesta manhã, estudantes muçulmanos organizaram uma oração em frente à embaixada americana em Pretória, denunciado a visita do presidente americano. "Estamos aqui para protestar contra a visita do presidente Barack Hussein Obama", disse o imã Syed Sayeed ao microfone. "Como indivíduos que amam a liberdade, não temos nenhum problema com Barack Obama, mas temos um problema com o presidente Barack Hussein Obam" e a política externa brutal do governo dos Estados Unidos".
A eles se uniram cerca de 200 sindicalistas e membros da sociedade civil sul-africana, que se manifestaram contra a política "imperialista" dos Estados Unidos. "Basta de imperialismo americano! Basta de capitalismo", gritavam os manifestantes. A manifestação reuniu o Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (Cosatu), a Liga da Juventude Comunista da África do Sul e a Associação de Estudantes Muçulmanos, que também organizou uma oração em frente à representação diplomática dos Estados Unidos.
[SAIBAMAIS]Seus cartazes denunciavam os ataques aéreos dos Estados Unidos ao redor do mundo, o embargo à Cuba, bem como a prisão de Guantánamo e "o assassinato de palestinos". "Estamos aqui para dizer ao povo americano que esta guerra também é deles. O terror e a tirania que o seu governo espalha em todo um mundo é o mesmo terror e tirania dentro de suas fronteiras", declarou, na caçamba de um caminhão, Buti Manamela, secretário nacional da Liga da Juventude Comunista. O restante do país está mais tranquilo, depois do anúncio da presidência sul-africana de que a morte de Mandela não é tão eminente como se temia.
Na quinta-feira, os sul-africanos começaram a se preparar para a despedida, mas durante a tarde foram surpreendidos pela notícia de que o estado de Madela teria melhorado. "Continua em estado crítico, mas agora está estável", indicou a presidência. Ainda assim, a família de Mandela admitiu pela primeira vez publicamente a perspectiva de sua morte. "Só posso reiterar que Tata (papai) está em condição muito crítica, qualquer coisa é iminente", declarou nesta quinta-feira a filha mais velha de Mandela, Makaziwe, em uma entrevista à rádio pública SAFM. "Mas também quero enfatizar de novo que apenas Deus sabe quando chegará sua hora... vamos esperar ao lado dele, com papai, enquanto continuar conosco", completou.