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União Europeia se reúne para combater desemprego entre os jovens

Mais de 26 milhões de pessoas estão sem trabalho no bloco e 5,6 milhões delas têm menos de 25 anos (100 mil mais no ano anterior)

BRUXELAS - A União Europeia (UE) prevê aprovar nesta quinta-feira (26/6) medidas contra o desemprego dos jovens, em uma reunião marcada por acusações mútuas de inação entre a Comissão Europeia e a França, segunda economia da união monetária.

O Conselho dos 27 chefes de Estado e de Governo começou de forma positiva, já que os presidentes das instituições europeias (Conselho, Comissão e Parlamento) alcançaram, esta manhã, um acordo político sobre o controverso orçamento de quase um trilhão de euros da UE para o período 2014-2020.

Nesta madrugada, os ministros das Finanças chegaram a um consenso para evitar que os contribuintes tenham que pagar pelos futuros resgates financeiros, um dos pilares do projeto da união bancária para o continente. "O desemprego nos países como o meu disparou. O que devemos fazer aqui é pensar em soluções drásticas que se apliquem imediatamente", disse o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, em sua chegada a Bruxelas.



Mais de 26 milhões de pessoas estão sem trabalho no bloco e 5,6 milhões delas têm menos de 25 anos (100 mil mais no ano anterior). O desemprego juvenil se transformou na face mais dramática da prolongada crise europeia, que levou muitos países à recessão, e já se fala de uma "geração perdida".

Durante esta reunião, não "será resolvido o conjunto dos problemas do emprego", disse uma fonte europeia. "As políticas sociais são de responsabilidade dos Estados. A UE só pode ajudar", esclareceu o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. "São os governos que têm que combater o desemprego", insistiu o finlandês Jyrki Katainen.

O mal-estar social se estende pelo continente, com protestos em massa em Portugal, Grécia, Itália e Espanha. Segundo dados divulgados em abril, os países mais afetados pelo desemprego entre os jovens são Grécia (62,5%), Espanha (56,4%), Portugal (42,5%), Itália (40,5%) e França (26,5%). Uma situação que também agrava o desprestígio dos partidos políticos e o surgimento de forças nacionalistas, que atribuem à integração europeia a maior parte dos males do continente.

Nos últimos dias, França e o executivo comunitário trocaram acusações pelo fortalecimento da ultra-direita e o imobilismo político diante da crise da dívida que começou em 2008. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, pediu para evitar transformar Bruxelas "no bode expiatório das dificuldades" de cada país.

O presidente francês, François Hollande, tentou, nesta quinta-feira, minimizar a polêmica ao comentar que os atritos pessoais são secundários. Pouco antes, fontes próximas indicaram que ele veio a Bruxelas com a vontade de "tranquilizar os ânimos". Muitos dirigentes europeus se queixam de que pouco ou nada será feito antes das eleições na Alemanha, primeira economia da zona do euro, previstas para setembro.

Uma das medidas que os europeus se dispõem a aprovar é que os países com elevadas taxas de desemprego, possam usar, a partir de 2013, uma parte dos 6 bilhões de euros destinados pela UE para a luta contra o desemprego dos jovens entre 2014 e 2020.

A Espanha espera receber entre 1,5 e 2 bilhões de euros. Os europeus buscam também ampliar a chamada garantia juvenil. Financiada graças a um fundo social europeu, a medida busca que qualquer jovem com de menos de 25 anos receba uma oferta de emprego "de qualidade", uma formação ou estágios obrigatórios até quatro meses depois de ter concluído seus estudos. Durante a reunião, que durará dois dias, serão debatidas medidas para apoiar as Pequenas e Médias empresas através do Banco Europeu de Investimentos (BEI).

Também serão afinados os pilares da união bancária. Os ministros das Finanças da UE, alcançaram na madrugada desta quinta-feira um acordo sobre a Diretiva sobre Recuperação e Resolução Bancária, que estabelece que, nos próximos resgates bancários, serão os acionistas que pagarão e não os contribuintes, para resgatar ou liquidar um banco. A ideia é evitar, definitivamente, uma nova revolta como a que desencadeou o primeiro resgate ao Chipre, que incluía perdões aos depositantes de menos de 100.000 euros.