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Obama defende direitos dos homossexuais na África e homenageia Mandela

O presidente dos EUA também tentou acalmar a situação em torno de Edward Snowden, o ex-agente da inteligência americano acusado de espionagem

Dacar, Senegal - O presidente Barack Obama defendeu nesta quinta-feira (27/6) os direitos dos homossexuais africanos, no primeiro dia de seu giro pelo continente, e prestou homenagem ao legado de Nelson Mandela, o herói antiapartheid hospitalizado em estado grave. Obama também tentou acalmar a situação em torno de Edward Snowden, o ex-agente da inteligência americano acusado de espionagem pelos Estados Unidos.



A agenda de Obama, que inclui passagens pela África do Sul e Tanzânia, poderá ser modificada se Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul e hospitalizado em estado grave em Pretória, morrer. O presidente, que se reuniu nesta quinta-feira com o presidente senegalês, deve prestar homenagem à democracia do Senegal, uma ex-colônia francesa que conquistou sua a independência em 1960 e que nunca sofreu um golpe de Estado.

"O Senegal é uma das democracias mais estáveis da África e um dos parceiros mais fortes que temos na região", ressaltou Obama. "O país tem conduzido reformas para fortalecer as instituições democráticas. Acredito que o Senegal pode ser um grande exemplo", assegurou, elogiando o progresso "impressionante" que todo o continente tem feito para melhorar a democracia e fortalecer os direitos dos seus cidadãos, especialmente em Gana e na Costa do Marfim. O Senegal é uma exceção na África Ocidental, uma região assolada pela violência política e militar.


O caso Snowden

Por outro lado, Obama negou nesta quinta-feira que os Estados Unidos tenham a intenção de interceptar um voo para capturar o ex-agente da inteligência americano Edward Snowden, que vazou para a imprensa documentos sigilosos e se acha atualmente na Rússia. "Não vou interceptar voos para capturar um hacker de 29 anos", afirmou Obama em Dacar, no início de seu giro africano, acrescentando que não discutiu a questão com os presidentes da Rússia e da China por considerar que se trata de um assunto exclusivamente judicial.

O presidente americano chegou na quarta-feira em Dacar com sua esposa, Michelle, e suas duas filhas. À noite, Obama e sua família irão visitar a Casa dos Escravos na Ilha de Goria, em frente a Dacar, passagem obrigatória para todos os visitantes da cidade e, especialmente simbólico para o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, porque foi deste local que milhares de africanos foram levado para a América durante séculos.

[SAIBAMAIS]Depois da África do Sul, Obama visitará a Tanzânia, onde se reunirá com o chefe de Estado, Jakaya Kikwete, e conhecerá a central de energia elétrica de Ubungo, antes de voltar para Washington em 3 de julho. Com este primeiro grande giro africano de Obama - que visitou uma única vez Gana em 2009 - a Casa Branca procura recuperar o tempo perdido.

Passada a euforia inicial, a decepção foi crescente no continente africano em relação às medidas tomadas pelo presidente Obama. Em 2009, em Gana, Obama declarou: "corre em minhas veias o sangue da África, a história de minha família envolve tanto as tragédias quanto os triunfos da história da África." Mas o presidente parece ter se desviado do continente para se concentrar em outros assuntos nacionais e internacionais.

No entanto, assessores do presidente estão cientes de que a oportunidade econômica e os recursos energéticos do continente africano começaram a atrair a atenção de adversários, começando com a China, que desde 2009 é o primeiro parceiro do continente. O Quênia, terra natal do pai de Obama, não está incluído no giro: o presidente Uhuru Kenyatta é acusado pelo Tribunal Penal Internacional.