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Emir do Qatar abdica em favor do filho para dar espaço à nova geração

A abdicação do xeque Hamad, que assumiu o trono em 1995 após uma revolução palaciana, é um fato inédito no Qatar e na história recente do mundo árabe

Doha - O emir do Qatar, xeque Hamad ben Khalifa al Thani, abdicou nesta terça-feira (25/6) em favor do filho, o príncipe herdeiro Tamim, para dar espaço à nova geração, segundo o anúncio, um fato inédito no mundo árabe e neste rico e diplomaticamente estratégico Estado do Golfo. "Chegou a hora de iniciar uma nova página e confiar as responsabilidades à nova geração", disse o emir, de 61 anos, em um discurso exibido na televisão.



[SAIBAMAIS]Em 18 anos, o Qatar passou a ser considerado o país mais rico do mundo, com um PIB per capita de 86.440 dólares em 2011, segundo o Banco Mundial, e um protagonista de peso tanto no mundo árabe como na região. O novo emir, de 33 anos, será o soberano mais jovem de uma monarquia do Golfo.

Nascido em 1952, o emir Hamad teria problemas renais, segundo fontes políticas. Nesta terça-feira (25) foi decretado feriado no Qatar e personalidades compareceram ao palácio para saudar o novo emir. "A decisão do emir é coerente com a política do Qatar", afirmou Salman Shaikh, diretor do Brookings Doha Center. "O emir considera que depois de ter passado 18 anos no poder, chegou o momento de dar passagem à nova geração. O que é notável é que a decisão tenha sido tomada apesar da situação crítica na região", completou.

O xeque Tamim, quarto filho do emir, foi nomeado príncipe herdeiro há 10 anos e ganhou autoridade com o passar do tempo ao assumir o comando de temas sensíveis da política interna e estrangeira. Sua mãe é a muito influente Moza, segunda esposa do soberano. Tamim também era comandante-em-chefe adjunto das Forças Armadas. Recebeu do pai gradualmente a gestão do exército e da segurança, segundo uma fonte diplomática ocidental.

O novo líder do país, com bigode fino e expressão geralmente sorridente, comanda o Comitê Olímpico do Qatar e está à frente da organização da Copa do Mundo de 2022, que será disputada no país. O xeque Tamim, cujo país é um fiel aliado dos Estados Unidos, "tem excelentes relações com o Ocidente, em particular Estados Unidos e França", destaca a mesma fonte. A mudança provocará uma grande reforma ministerial, com a possível saída do poderoso primeiro-ministro Hamad ben Khassem ben Jabr al-Thani, no cargo desde 2007 e que teve papel essencial no apoio às revoltas árabes, que prossegue atualmente com o suporte à rebelião síria.