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Gaza e Cisjordânia celebram triunfo de jovem cantor palestino no Arab Idol

Versão pan-árabe do programa americano American Idol atraiu um enorme interesse nos territórios palestinos

Em Jerusalém Oriental, o setor de maioria árabe da cidade santa, ocupada e anexada, houve confrontos entre jovens palestinos e policiais israelenses, que prenderam alguns, de acordo com um jornalista da AFP. Em Gaza, cidade onde reside Mohammad Assaf, de 23 anos, dezenas de milhares de espectadores foram às ruas para comemorar. Ao anoitecer, não havia mais vagas em hotéis, nem lugares em restaurantes e cafés em Gaza, que parou para acompanhar a final do "Arab Idol".

Segundo Salah Abu Hassira, diretor do Serviço de Restaurantes e Hotéis na Faixa de Gaza, "este foi um grande evento" para toda a Palestina.
Imensos retratos do jovem cantor foram pendurados nos edifícios em Gaza e na Cisjordânia.Também foram registrados comemorações em Ramallah - onde a multidão se reuniu no túmulo do líder histórico, Yasser Arafat - e nas principais cidades da Cisjordânia. De voz marcante, Mohammad Assaf, nascido em Misrata (Líbia), mas residente em Khan Yunis, era o favorito à frente de seus adversários egípcios e sírios.

Na sexta-feira à noite, o júri e todos os palestinos se emocionaram com a interpretação de uma popular canção nacionalista, "Ally al-Kofiya" ("Levante o kefiye: o tradicional lenço palestino imortalizado por Yasser Arafat). Nos últimos meses, os palestinos encontraram uma fonte de orgulho ao acompanhar suas conquistas toda sexta-feira e sábado, dias em que o programa é exibido na televisão pan-árabe MBC de Beirute. Os palestinos se mobilizaram em massa nas redes sociais para votar em seu candidato.

Enquanto o Hamas expressou pouco entusiasmo em ver um filho de sua terra brilhando em um programa pouco islâmico, a Autoridade Palestina, que governa as regiões autônomas da Cisjordânia, não poupou apoio. O presidente Mahmoud Abbas, em pessoa, elogiou e parabenizou Mohammad Assaf, de acordo com a agência de notícias oficial Wafa.

Israel impôs um bloqueio por terra, ar e mar contra Gaza desde a captura, em junho de 2006, de um dos seus soldados, que foi libertado em outubro de 2011, em troca de mil presos palestinos. Este bloqueio foi reforçado em junho de 2007, quando o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza, e, em seguida, flexibilizou, sob pressão internacional, depois do ataque israelense sangrento, em 31 de maio de 2010, contra uma flotilha humanitária que se dirigia ao enclave palestino.