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Presidente egípcio pede diálogo para evitar aumento da tensão no país

Esta entrevista foi publicada no dia seguinte a uma grande manifestação que reuniu no Cairo dezenas de milhares de partidários de Mursi

Cairo - O presidente islamita egípcio exortou mais uma vez a oposição ao diálogo na tentativa de atenuar a tensão política no país. "Como já disse anteriormente, exorto todos a sentarem-se juntos para discutir o que nós precisamos fazer no interesse do país", declarou Mohamed Mursi em uma entrevista ao jornal do governo Akhkar al-Youm neste sábado (22/6).

Esta entrevista foi publicada no dia seguinte a uma grande manifestação que reuniu no Cairo dezenas de milhares de partidários de Mursi, em uma demonstração de força antes dos protestos convocados pela oposição para exigir a sua renúncia.

Uma campanha anti-Mursi, chamada Tamarod (rebelião, em árabe), convocou uma manifestação em massa em frente ao palácio presidencial para o dia 30 de junho, primeiro aniversário da posse do chefe de Estado, para exigir sua saída e a realização de eleições presidenciais antecipadas.

Os opositores de Mursi denunciam a intenção da Irmandade Muçulmana, movimento ao qual pertence o presidente, de controlar todas instâncias de poder e tentar impor sua ideologia islâmica à sociedade. Mursi também é acusado de não saber lidar com a grave crise econômica que atinge o país.


Seus partidários, no entanto, apontam que ele adquiriu legitimidade em uma votação democrática, e acusam a oposição de fazer o jogo da "contra-revolução", procurando destituí-lo nas ruas e impedindo a substituição de alguns funcionários acusados de serem da era Mubarak.

A chegada ao poder de Mursi concluiu o período de transição sob a direção militar que se seguiu à queda, em fevereiro de 2011, do regime de Hosni Mubarak.

Em sua entrevista, o presidente prometeu trabalhar para a realização de eleições legislativas antecipadas previstas, em princípio, para antes do final do ano, mas a data exata ainda é desconhecida.

"Vou continuar a manter meus contatos para acelerar as eleições legislativas" para renovar a Câmara dos Deputados, dissolvida no ano passado, pouco antes de assumir o poder, disse.

Embora afirmando que as chamadas para manifestações contra ele em 30 de junho "refletem a atmosfera de liberdade que prevalece desde a revolução" de 2011, ele denunciou o risco de fazer o jogo dos partidários do antigo regime, que "quererem voltar ao passado porque a revolução tem afetado os seus interesses".

O povo "deve parar os planos malignos (dos círculos próximos ao antigo regime) que não desejam nem a calma, nem a estabilidade do Egito", acrescentou.

A campanha Tamarod afirma ter recolhido 15 milhões de assinaturas de pessoas que exigem a renúncia de Mursi.