Ouagadougou - O governo do Mali e os rebeldes tuaregues que ocupam a cidade de Kidal (norte) assinaram nesta terça-feira (18/6) um acordo que permitirá a realização das eleições presidenciais de 28 de julho no país.
O acordo foi assinado em Uagadugu, capital da vizinha Burkina Faso, pelo ministro da Administração Territorial, o coronel Musa Sinko Coulibaly, e por Bilal Ag Acherif e Algabass Ag Intalla, dirigentes dos movimentos tuaregue, na presença do presidente Blaise Compaoré, mediador na crise no Mali.
Batizado de "Acordo preliminar às eleições presidenciais e aos processos de paz no Mali", o documento prevê além do cessar-fogo, o retorno do exército malinense a Kidal e o desarmamento de combatentes tuaregues.
O desarmamento dos elementos dos grupos tuaregue só acontecerá quando for assinado um acordo "global e definitivo de paz" entre as novas autoridades instaladas depois das eleições, de um lado, e as comunidades e grupos armados do Norte, por outro lado.
Bilal Ag Acherif e Algabass Ag Intalla assinaram o acordo em nome dos dois grupos tuaregues, o Movimento Nacional de Liberação de Azawad (MNLA) e o Alto Conselho para a Unidade de Azawad (HCUA).
O entendimento marca o fim de 10 difíceis dias de debates, iniciados em 8 de junho pelo presidente da Burkina Faso, Blaise Compaoré. A França, que em janeiro enviou uma operação militar ao Mali para lutar contra grupos islamistas armados que ocupavam o norte do país, felicitou "um avanço dado para a saída da crise".
"[Este acordo] concilia o respeito da integralidade territorial do Mali e o reconhecimento de uma abordagem específica para os problemas do norte do país", disse em comunicado o ministro francês das relações exteriores, Laurent Fabius.
O representante do secretário-geral da ONU no Mali, Bert Koenders, saudou o "avanço significativo" para a estabilização do país. A União Europeia comemorou o acordo "histórico".
O texto será "um trampolim para um novo Mali", afirmou o ministro malinense da administração territorial. O país vai ficar mais forte graças a este acordo "equilibrado, realista e pragmático", estimou o presidente Compaoré.
A comunidade internacional considera as eleições presidenciais cruciais para ajudar o Mali a sair da mais grave crise já enfrentada pelo país. A situação começou em 2012 depois que o norte do país foi tomado por islamistas armados, inicialmente aliados ao MNLA e deslocados no início de 2013 por uma intervenção militar francesa.