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Ataques suicidas matam 31 pessoas em Bagdá nesta terça-feira

Muitos estudantes de uma universidade próxima do local do incidente estão entre os mortos e as dezenas de feridos

Bagdá - Um duplo ataque suicida matou 31 pessoas depois das orações do meio-dia em um centro religioso xiita nesta terça-feira (18/6), no ato mais recente de uma onda de violência que gera o temor do ressurgimento dos confrontos religiosos. Muitos estudantes de uma universidade próxima do local do incidente estão entre os mortos e as dezenas de feridos. As forças de segurança fecharam o tráfego na vizinhança e trabalham para desarmar um carro-bomba.

[SAIBAMAIS]Os ataques ocorrem em meio a uma onda de distúrbios em todo o país. Maio foi o mês mais mortal no Iraque desde 2008, o que, juntamente com um longo impasse político, gera preocupações de que o país esteja caminhando para a violência brutal que o arruinou entre 2006 e 2007. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelos ataques de imediato, mas militantes sunitas ligados à Al-Qaeda frequentemente realizam atentados suicidas e têm como alvo os xiitas, a quem consideram infiéis.



Os ataques desta terça-feira atingiram um centro religioso xiita no norte de Bagdá, que fica ao lado da universidade Imam al-Sadiq, uma instituição privada de ensino. Muitas vítimas eram estudantes universitários que estavam em um intervalo das aulas e rezavam. "Que pecados esses estudantes inocentes cometeram?", perguntou Mustafa Kamil, um estudante que deixava o local dos ataques e ia ao necrotério ajudar na identificação dos corpos.

"Eles se reuniram aqui para rezar. Alguma religião aceita matar seres humanos inocentes? Há poucos minutos, estava com meu amigo, e ele me pediu para que fosse orar com ele. Mas eu disse que queria estudar um pouco mais, para me preparar para nossas provas. Daí ele disse que iria orar para que Deus o ajudasse a ter um bom resultado. Ele se foi e agora nunca mais vai voltar", acrescentou o rapaz de 20 anos, com os olhos cheios de lágrimas.

De acordo com testemunhas e policiais, os terroristas, que estavam vestidos com ternos, começaram a disparar contra o guarda do prédio, e logo em seguida o primeiro deles se explodiu na entrada da mesquita. O segundo militante se aproveitou do caos instalado e passou pela multidão, antes de acionar seus explosivos dentro do local de orações.

Soldados que estavam no local disseram que a parte de dentro do prédio foi coberta por sangue e os muros e o teto foram danificados. Enquanto isso, atentados em outra região de Bagdá e ao norte da capital, na província de Salaheddin, mataram duas pessoas e feriram seis. O país tem assistido a um nível crescente de agitação desde o início do ano, que coincide com o descontentamento da minoria sunita. Analistas dizem que a falta de um esforço por parte das autoridades lideradas pelos xiitas para resolver as causas das manifestações fortaleceu grupos militantes e deu espaço para a realização de suas atividades.