Jornal Correio Braziliense

Mundo

EUA estão prontos para contato 'direto' com Irã após eleição de Rowhani

Casa Branca disse querer alcançar "uma solução diplomática que satisfaça totalmente as preocupações da comunidade internacional"

Damasco - Mais de 70 oficiais, entre eles seis generais, abandonaram o Exército sírio, em um movimento de amplitude inédita em muitos meses e que acontece após a decisão norte-americana de conceder "ajuda militar" aos rebeldes.

A Síria esteve no centro das discussões entre o presidente americano, Barack Obama, e seus homólogos europeus no encontro que antecede a cúpula do G8, prevista para ser realizada no início da próxima semana na Irlanda do Norte. Durante o encontro as potências deverão debater novos meios de acabar com o conflito que já deixou mais de 93.000 mortos, segundo a ONU.

[SAIBAMAIS]A questão do uso de armas químicas pelo regime, apontado pela primeira vez pelo governo norte-americano, também foi discutida por Barack Obama. As acusações foram rejeitadas por Damasco e julgadas "pouco convincentes" pela Rússia.

Após uma desaceleração do ritmo das deserções do Exército sírio ao longo dos últimos meses, mais de 70 oficiais, dentre eles seis generais e 22 coronéis, pediram baixa ao longo das 36 últimas horas para entrar na vizinha Turquia, que apoia a oposição. A informação é de uma fonte oficial turca.

Esta onda de deserções ocorre após a decisão norte-americana anunciada na última quinta-feira de fornecer "ajuda militar" aos insurgentes sírios.

Os países ocidentais, que apoiam a oposição ao regime de Bashar al-Assad, se recusam até o momento a entregar armas aos combatentes rebeldes, temendo que o arsenal caia nas mãos de islamitas radicais.

Mas o recente avanço militar das forças de Damasco, apoiadas pelo movimento xiita libanês Hezbollah, os obrigou a reavaliar a urgência dessa possibilidade.

Representantes dos países que apoiam a oposição síria se reuniram na sexta-feira e neste sábado em Istambul o líder militar mais importante do movimento, o general Sélim Idriss, para discutir possíveis entregas de armas aos rebeldes.

A decisão dos Estados Unidos de fornecer ajuda militar, uma mudança na estratégia de Obama, ocorre depois de a União Europeia ter decidido, em maio, suspender o embargo às armas para a oposição, abrindo caminho para um crescente apoio ocidental aos rebeldes.

Na noite de sexta-feira Barack Obama reuniu-se com o primeiro-ministro britânico David Cameron, com o presidente francês François Hollande, com o primeiro-ministro italiano Enrico Letta e com a chanceler alemã Angela Merkel, segundo a Casa Branca.

Eles "falaram sobre a Síria, sobre a questão da utilização de armas químicas pelo regime contra o próprio povo e sobre as maneiras de apoiar uma transição política para acabar com o conflito", informou um comunicado.

Obama deve se reunir com os mesmos dirigentes durante a cúpula do G8, que será realizada na segunda e na terça-feira da próxima semana na Irlanda do Norte.

Leia mais notícias em Mundo

Moscou, que também integra o G8 e fornece de armas para o regime de Assad, alertou que a ajuda norte-americana comprometerá os esforços de paz na Síria. Rússia e Estados Unidos tentam organizar em Genebra uma conferência internacional na presença de representantes do regime sírio e da oposição.

O presidente russo, Vladimir Putin, conversará com Cameron neste domingo em Londres, e com Obama na segunda-feira, em dois encontros bilaterais.

Washington e Moscou também divergem a respeito da questão das armas químicas. A Rússia afirmou neste sábado que o presidente Assad não tinha necessidade de recorrer a tais armas.

"O regime tem conquistado vitórias, a oposição reconheceu abertamente", declarou o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, ao justificar a posição de Moscou.

"Qual é o sentido do regime sírio utilizar armas químicas, sobretudo em pequena escala?", questionou Lavrov.

No território sírio, a aviação e a artilharia do regime sírio bombardeiam diariamente bolsões rebeldes em Damasco e arredores, onde insurgentes continuam em suas posições, assim como em outras regiões, principalmente em Homs (centro), segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).