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Eleitores votam nesta sexta-feira para eleger o novo presidente do Irã

As operações de votação para as eleições presidenciais foram prolongadas por três horas, devido a uma elevada taxa de participação

Teerã - Os iranianos foram às urnas nesta sexta-feira (14/6) para eleger o presidente do país, com os reformistas unidos em torno de um único candidato contra os conservadores, quatro anos após a polêmica reeleição de Mahmud Ahmadinejad. As operações de votação para as eleições presidenciais foram prolongadas por três horas, até as 21h (14h30 de Brasília), devido a uma elevada taxa de participação, segundo um comunicado do Ministério do Interior.


No exterior, o relator especial da ONU para os direitos Humanos no Irã, Ahmed Shaheed, declarou que a eleição não tem sido "livre e justa", e Washington criticou a "falta de transparência". Um dos primeiros a votar, o guia supremo Ali Khamenei, pediu mobilização aos eleitores. "A prosperidade e a felicidade do país dependem da sua participação e da escolha certa na eleição". Cerca de 50,5 milhões de eleitores foram convocados para eleger o sucessor do presidente Mahmud Ahmadinejad, que não pode disputar um terceiro mandato consecutivo. Em 2009, sua reeleição foi muito contestada nas ruas, desencadeando grandes manifestações. Este ano, os iranianos também elegem seus vereadores.

[SAIBAMAIS]Hassan Rohani, um religioso moderado de 64 anos, é o único candidato das alas moderada e reformista. Seus principais adversários na disputa pela Presidência são três conservadores: o ex-chefe da diplomacia Ali Akbar Velayati, o prefeito de Teerã, Mohamad Bagher Ghalivaf, e o chefe dos negociadores nucleares, Saeed Jalili. "Não pensem que se não se mobilizarem, vão resolver qualquer problema", declarou Rohani depois de votar em Teerã, afirmando que apostava "no futuro da nação". No campo oposto, Velayati pediu que todos os iranianos compareçam às urnas.

Os primeiros resultados da eleição podem ser anunciados sábado pelo Ministério do Interior. O Conselho dos Guardiães da Constituição, que supervisiona a votação, advertiu que "ninguém tem o direito de se declarar vencedor antes dos resultados". Em 2009, o reformista Mir Hossein Mousavi anunciou a sua vitória logo após a eleição, antes de Ahmadinejad ser declarado oficialmente vencedor.

O segundo turno será realizado em 21 de junho, se nenhum dos seis candidatos obtiver mais de 50% dos votos. Para os reformistas, o desafio é mobilizar os eleitores, mesmo aqueles que protestaram contra a reeleição de Ahmadinejad após acusações de fraude. A contestação foi reprimida e os dois candidatos derrotados, Mir Hussein Mussavi e Mehdi Karubi, estão em prisão domiciliar desde 2011.

Na saída da mesquita da praça Tajrish, onde 200 pessoas esperavam, separadas entre homens e mulheres, Elias, um eleitor de 48 anos, considerou que Hassan Rohani é o "mais qualificado para governar o país" para reduzir a inflação e baixar os preços. A maioria dos eleitores tem a mesma preocupação: a crise econômica, que se traduz em um aumento do desemprego e da inflação, que atingiu mais de 30%, e uma desvalorização do rial em quase 70%. A crise foi provocada pelas sanções internacionais impostas pelo programa nuclear iraniano. O Irã, apesar de rejeitar as acusações, para muitas potências, tenta desenvolver armas atômicas sob a cobertura de um programa nuclear civil.

Em uma mesquita a leste da cidade, onde vivem muitos funcionários públicos, "as pessoas faziam fila antes mesmo da abertura" dos locais de votação, segundo o fiscal eleitoral Hassan Naderi. Sedayat, um seminarista 27 anos, afirma que votou em Jalili porque "concorda com as recomendações do Guia Supremo". "Sua firmeza contra o Ocidente não quer dizer que temos o estômago vazio", assegurou. Said Jalili, representante de Khamenei nas negociações nucleares, nega qualquer "concessão" às grandes potências, enquanto Rohani, principal negociador nuclear sob a presidência do reformista Mohammad Khatami, pede flexibilidade para reduzir o impacto das sanções.

Em 2003, quando Rohani liderava as discussões, o Irã concordou em suspender seu programa de enriquecimento de urânio, relançado em 2005. Segundo as autoridades, 205 jornalistas estrangeiros, incluindo ocidentais, foram credenciados para a cobertura da eleição. Quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores canadense, John Baird, disse que apenas 3% dos vistos solicitados pela imprensa tinham sido concedidos. O grupo Broadcasting BBC também acusou o regime de "intimidação" contra as famílias no Irã de seus funcionários.