No dia seguinte a sua demonstração de força, Erdogan recebeu os 11 membros da delegação, composta principalmente por artistas, universitários e arquitetos, na sede do AKP, constatou a AFP. A lista aprovada pelas autoridades foi denunciada pelos manifestantes, que consideram este primeiro encontro uma farsa.
A coordenação dos manifestantes do Parque Gezi, plataforma de 116 associações que organiza os protestos, não foi convocada. Outros convidados, como o Greenpeace, recusaram o convite.
A polícia agiu brutalmente em 31 de maio para expulsar os manifestantes reunidos no parque que, segundo o projeto de remodelação da Praça Taksim, deverá ser destruído. Esse polêmico projeto urbanístico desencadeou a onda de contestação dos últimos dias que tomou conta de várias cidades do país.
O ambiente na Praça Taksim de Istambul estava mais tranquilo nesta quarta-feira após os confrontos da véspera entre a polícia e os manifestantes, horas antes do encontro entre o primeiro-ministro islâmico-conservador, Recep Tayyip Erdogan, e representantes do protesto que exigem sua renúncia.
Na manhã do 13; dia de protestos contra o chefe de governo, a famosa praça da megalópole turca continuava sob forte controle das forças de ordem, posicionadas em cada uma das ruas dos arredores.
Bandeiras, cartazes, barricadas, carros queimados, paralelepípedos, cartuchos de gás lacrimogêneo, todos os sinais do protesto e dos intensos confrontos que ocorreram até a madrugada foram apagados com eficácia. As forças de segurança retomaram na manhã de terça-feira, para a surpresa geral, a Praça Taksim, ocupada no dia 1; de junho pelos manifestantes que a transformaram em bastião de seu movimento.
Violentos confrontos foram travados durante 20 horas entre a polícia e grupos de jovens com capacetes e armados com pedras e coquetéis molotov, deixando dezenas de feridos, alguns em estado grave.
Muitos de seus ocupantes abandonaram as barracas de campanha temendo uma retirada por parte da polícia. Mas centenas de outros, irredutíveis, passaram mais uma noite no local, decididos a proteger seu parque e suas 600 árvores.
"Não temos medo", disse à AFP Anessa, uma fotógrafa de 29 anos. "Não vamos parar". "As pessoas aprendem a não ter medo do governo", afirmou Fulya Dagli, uma estudante de Direito de 21 anos. "Por isso não sairemos", completou. Na capital, Ancara, a polícia de choque disparou bombas de gás lacrimogêneo na noite desta quarta-feira para dispersar manifestantes que exigiam a saída de Erdogan.
Um grupo de mais de 2 mil pessoas que avançava pela rua Tunali, no centro da capital, exigindo a demissão do governo, foi alvo da ação policial, constatou a AFP no local. Mais cedo, a polícia interveio para dispersar um grupo de 5.000 pessoas que gritavam "Renuncie Tayyip".
Na manhã desta quarta, a polícia retirou sem violência dezenas de manifestantes que permaneciam mobilizados no parque Kugulu, no centro da capital, observou um jornalista da AFP.