Havana - A guerrilha marxista das FARC acusou o presidente Juan Manuel Santos de "esvaziar" a atmosfera de paz para a Colômbia obtida nas negociações de paz em curso, em Havana, ao criar tensões com a Venezuela e solicitar sua admissão na Otan, em uma declaração publicada neste sábado.
"A atitude de Santos esvaziou o otimismo, a atmosfera favorável à paz que tinha sido construída com tanto esforço em Havana. A questão se resume ao fato de que se não fosse pela Venezuela não haveria diálogo de paz na capital cubana", disse o texto insurgente.
[SAIBAMAIS]A declaração do Secretariado do Estado Maior Central das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), publicada no blog das negociações (pazfarc-ep.blogspot.com/) considerou justo o protesto de Caracas por Santos ter recebido, no dia 28 de maio, o opositor venezuelano Henrique Capriles.
O encontro entre Santos e Capriles, que abriu um foco de tensões entre os dois países, coloca em "um limbo" o diálogo de paz, pois a "Venezuela, país acompanhante e facilitador do processo, era muito sensível para as FARC, que vê nos venezuelanos o principal fator gerador de confiança e, por consequência, a artífices fundamentais do processo de paz", diz a declaração.
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Após seis meses de conversas, as delegações do Governo e a guerrilha chegaram a um acordo sobre o primeiro ponto de uma agenda de cinco, o complexo tema agrário, o que foi visto como um grande avanço na Colômbia e outros países da região.
As FARC também criticaram o pedido de Santos para que a Colômbia entre na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que foi negada pelo bloco por causa da localização do país, apesar de ter se mostrado favorável à cooperação. "O que levaria Santos a anunciar a fantasiosa entrada da Colômbia na Otan? Ameaçar a Venezuela, o Brasil?", questionou.