Após a conquista na quarta-feira (5/6), com o apoio crucial do Hezbollah xiita libanês, de Qousseir, devastada por duas semanas de combates, e da aldeia vizinha de Dabaa, os soldados avançavam em direção ao reduto rebelde de Bueida al-Sharqiya, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Centenas de feridos e civis se refugiaram nesta localidade após a queda de Qousseir, rota de abastecimento para o exército e os rebeldes na província central de Homs e que liga Damasco ao litoral.
[SAIBAMAIS]Sem saída
"O Exército tenta controlar completamente Qousseir e sua região", confirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. "Ele não deixa nenhuma saída para rebeldes, civis ou feridos. Quer destruir completamente os rebeldes ou levá-los prisioneiros". Mas segundo os analistas, o objetivo agora é desalojar os rebeldes da cidade de Homs.
Mais ao norte, o Exército concentra "milhares de tropas" na região de Aleppo para tentar retomar posições rebeldes. "Eles querem cortar o fornecimento de armas aos rebeldes" da Turquia, de acordo com o OSDH. O Hezbollah "enviou dezenas de seus quadros para treinar centenas de sírios xiitas", indicou a ONG. Os alauítas, comunidade a qual pertence o presidente Assad, são um ramo do xiismo, enquanto a maioria dos rebeldes são sunitas.
Após a retomada por parte do Exército da passagem de Qouneitra, única zona de separação entre Israel e a Síria nas Colinas de Golã, os combates foram registrados no local, segundo o OSDH. Israel, oficialmente em guerra com a Síria, reforçou a presença militar na região do Golã que ocupa desde 1967 e expressou preocupação com a retirada da Áustria da força da ONU de monitoramento, temendo uma ampliação do conflito.
Com o sucesso militar, o regime aparece em uma posição forte, especialmente na perspectiva de uma conferência internacional de paz, organizada por Moscou e Washington, que deve ocorrer em julho.
Exército libanês exasperado
No Líbano, muito dividido entre os simpatizantes do regime sírio de Bashar al-Assad, liderados principalmente pelo Hezbollah xiita que participa nos combates na Síria, e os críticos de Damasco, que apoiam a insurgência, os militares lançaram um alerta após o aumento da violência na fronteira. O comando do Exército libanês indicou em um comunicado que "pede aos cidadãos que desconfiem dos complôs que buscam arrastar o Líbano para uma guerra absurda", e que responderá "as armas com armas".
"O comando do exército tentou nos últimos meses trabalhar com firmeza, determinação e paciência para impedir que o Líbano se transforme em um campo de batalha em consequência dos conflitos regionais e evitar o contágio dos eventos sírios", mas acusa "certos grupos" de continuar a criar tensões. O conflito iniciado em março 2011 por uma revolta popular reprimida pelo regime já causou mais de 94 mil mortes, de acordo com o OSDH.