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Com 10 anos de aliança estratégica, Peru e Brasil ainda têm muito a fazer

A declaração foi feita nesta quarta-feira (5/6) pelos presidente peruano, Ollanta Humala, e o ex-presidente brasileiro, Lula

Lima - Dez anos após firmar uma aliança estratégica, Peru e Brasil ainda têm muito a avançar em sua integração comercial e de infraestrutura, disseram nesta quarta-feira (5/6), em uma reunião em Lima, o presidente peruano, Ollanta Humala, e o ex-presidente brasileiro, Lula.

Há uma década, o acordo binacional determinou uma mudança histórica na relação entre ambos os países, que têm, atualmente, oportunidades comuns de desenvolvimento sem precedentes, afirmaram ambos os líderes no Fórum "Dez anos de Aliança Estratégica Brasil-Peru", do qual participaram funcionários e empresários de ambas as nações.

Humala considerou que as trocas comerciais entre Lima e Brasília ainda "são insuficientes para o que representa o potencial econômico do Peru e do Brasil. Temos, os empresários e governo, o desafio de como melhorar a balança comercial", disse.

Lula, que lembrou que fixou como prioridade em seu primeiro governo (2003-2007) desenvolver a relação do Brasil com os vizinhos da América do Sul, opinou que a aliança estratégica ainda tem quase tudo para ser feito.

"A relação Brasil-Peru alcançou 10% do potencial que pode alcançar. Hoje as oportunidades de investimentos do Brasil no Peru são enormes e o mesmo vale para as do Peru no Brasil. Estamos diante de uma situação nunca antes vista", afirmou Lula, que assinou a aliança estratégica com o então presidente peruano Alejandro Toledo (2001-2006).



O ex-presidente brasileiro lembrou que, em 2011, foi concluída uma ponte na fronteira amazônica, que agora une ambos os países e que permitiu concluir a rota da Rodovia Inter-oceânica, para possibilitar o comércio terrestre, o acesso brasileiro ao Pacífico e o peruano ao Atlântico.

A balança comercial entre Brasil e Peru cresceu a uma média de 8% ao ano nos últimos seis anos e atualmente alcança os 3,7 bilhões de dólares anuais, segundo a Associação Brasileira de Promoção das Exportações (Apex).

Humala disse que o desafio do Peru e do Brasil "é avançar mais rápido em sua integração comercial para não ficarem para trás em relação às oportunidades abertas por outros blocos de integração econômica e comercial, como a Aliança do Pacífico", da qual o Peru faz parte junto com México, Colômbia e Chile.

O presidente peruano disse que, para seu governo, são muito importantes os acordos de complementariedade com o Brasil, mas deixou claro que os acordos comerciais e de associação devem incluir transferências de tecnologia e conhecimento. Considerou, por isso, que deve existir uma "relação horizontal" entre ambas as nações.

"O futuro de Brasil está ligado ao do Peru e o futuro do Peru está ligado ao Brasil. Um cordão umbilical nos une como um feto", disse Lula, que previu "um futuro com muitas décadas frutíferas" para a aliança estratégica.