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Rajoy pede à Europa que atenda 'aos problemas reais das pessoas'

Nos últimos dias o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, também passaram por Bruxelas

Bruxelas - O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu nesta quarta-feira aos líderes europeus para "atender os problemas reais" dos cidadãos, entre eles o desemprego juvenil, um obstáculo para a Espanha.

A Europa "deve atender, e demonstrar, aos problemas reais dos cidadãos. Acredito que avançamos muito, mas devemos fazer mais e cumprir o acordado no Conselho Europeu de verão (junho) passado", disse Rajoy em Bruxelas.

Nesse sentido, pediu à Comissão Europeia que acelere os planos para frear o desemprego juvenil e apoiar as Pequenas e Médias Empresas, que estarão no centro da agenda do Conselho Europeu de 27 e 28 de junho.

"Devemos mostrar que nos ocupamos com os problemas reais das pessoas", insistiu em coletiva de imprensa.

A viagem de Rajoy a Bruxelas ocorre uma semana depois de a Comissão Europeia dar à Espanha mais dois anos de prazo, até 2016, para reduzir o déficit abaixo de 3% e ampliar até 6,5% a meta para este ano.



Contudo, a CE exigiu, em troca, uma série de deveres, entre eles, acelerar as reformas das aposentadorias, do sistema tributário, das administrações públicas e do mercado de trabalho, diante do desemprego crítico, com mais de 27% de sua população ativa desempregada, sendo de 56,4% entre os jovens.

No momento, Rajoy insiste que não pensa em aumentar o IVA e afirma que a maior parte das recomendações de Bruxelas estão contempladas em seu plano de reformas.

"Fazemos reformas estruturais por convicção", disse Rajoy.

"Os Estados membros a fazem e também queremos que a UE as faça. Quanto antes, melhor", afirmou.

"Espero que a reforma do sistema tributário aconteça no ano que vem e o das aposentadorias, no fim do ano", prometeu.

O presidente espanhol quer que Bruxelas acelere a implantação da união bancária, além do fundo europeu contra o desemprego juvenil (dotado com 6 bilhões de euros para os próximos sete anos) e, em particular, que os planos de ajuda para impulsionar a criação de emprego deste setor não contem como déficit.

A ideia é preparar o Conselho de junho, o último antes do verão, em que os europeus querem se mobilizar para frear o desempenho juvenil na Europa e pôr em prática as medidas para sair da crise, entre elas, os principais pilares da união bancária.

Nos últimos dias o presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, também passaram por Bruxelas.

Rajoy se reuniu com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, o do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e o vice-presidente comunitário e responsável pela Concorrência, Joaquín Almunia.

Ele também abordou as relações com os países latino-americanos.

"Para a Espanha, a América Latina importa muito. Há processos de cooperação abertos e queremos que sejam destravados em breve", afirmou Rajoy sem dar mais detalhes.

O presidente espanhol chegou acompanhado por sete ministros: Luis de Guindos (Economia), Cristóbal Montoro (Fazenda), Ana Pastor (Fomento), Fátima Báñez (Emprego), José Manuel Soria (Indústria), José Manuel García-Margallo (Assuntos Exteriores e Cooperação) e Miguel Arias Cañete (Agricultura), além do secretário de Estado para a UE, Íñigo Méndez de Vigo.

A Espanha é um dos países que mais preocupa Bruxelas. Desde que chegou ao poder no final de 2011, Rajoy empreendeu medidas drásticas de austeridade e um aumento da pressão fiscal para economizar 150 bilhões de euros e sanear o desequilíbrio das contas públicas, cujo déficit se elevava a 9,4%.

Segundo muitos analistas, estas medidas frearam a recuperação econômica, disparando o desemprego e aumentando a desigualdade social, além da indignação de muitos cidadãos.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha continuou caindo no primeiro trimestre de 2013 (-0,5%), uma queda que já dura sete trimestres consecutivos e não se espera uma mudança de tendência em 2013.

A visita aconteceu um dia depois de o FMI destacar que o plano de reforma dos bancos espanhóis, que receberam um resgate europeu de 41,3 bilhões de euros, está bem encaminhado, mas os riscos que pesam sobre a economia e, portanto, sobre o setor financeiro, "continuam sendo elevados", em um relatório divulgado no final de uma visita da troika (FMI-BCE-Comissão Europeia) a Madri.