Ancara - A polícia usou na tarde desta segunda-feira (3/6) gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de mil manifestantes em Ancara, no quarto dia de um movimento de contestação ao governo turco. As forças de segurança agiram quando os manifestantes, em sua maioria jovens e estudantes, se reuniam na praça central de Kizilay, onde violentos confrontos foram registrados no domingo (2/6) com vários feridos.
"Imprensa vendida! Não queremos uma imprensa submissa", gritava a multidão, reunida em frente à sede do grupo de comunicação Dogus Holding. Os manifestantes também denunciaram a "submissão de vários grupos de imprensa, cuja cobertura do protesto contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan é considerada muito tímida.
A imprensa escrita e televisiva é amplamente controlada por conglomerados ligados ao poder islâmico-conservador. O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, acusado de autoritarismo e de querer "islamizar" a sociedade turca, enfrenta um movimento de protesto de dimensão inédita desde a chegada ao poder do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita moderado) em 2002.
Os policiais, criticados por sua brutalidade no início do movimento de protesto, entraram em ação contra grupos que jogavam pedras nas forças de ordem, indicaram a rede de televisão CNN-Türk e manifestantes.
Em Ancara, no bairro de Kavaklidere, a polícia disparou balas de borracha contra os manifestantes, segundo a CNN-Türk.
Em Istambul, os policiais dispararam dezenas de bombas de gás lacrimogêneo em cerca de 500 manifestantes no bairro de Gümüssuyu, onde barracas tinham sido montadas.
Nessas duas cidades, outras manifestações maiores eram realizadas sem incidentes.
Os representantes do movimento de contestação na Turquia pedem regularmente nas redes sociais que os manifestantes não provoquem a polícia e não depredem bens públicos.