Os investigadores buscavam nesta quinta-feira a pessoa que enviou duas cartas anônimas aparentemente envenenadas com ricinina, uma delas ao prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, com ameaças ligadas a sua posição contra as armas de fogo.
A segunda carta, idêntica, tinha como destinatário o diretor da organização Prefeitos contra as Armas Ilegais, grupo de pressão com sede em Washington do qual Bloomberg é um dos fundadores.
"Os primeiros testes indicaram a presença de ricinina", afirmou o porta-voz da Polícia de Nova York, Paul Browne. O caso pareceu se estender nesta quinta-feira, quando autoridades interceptaram uma carta parecida enviada à Casa Branca.
[SAIBAMAIS]"O serviço de inspeção de correspondências da Casa Branca interceptou uma carta destinada à Casa Branca que é parecida com as cartas enviadas anteriormente ao prefeito Bloomberg", disse Edwin Donovan, porta-voz do Serviço Secreto, corpo de elite que protege o presidente Barack Obama.
A ricinina é o veneno mais potente do reino vegetal e pode ser fatal, inclusive em pequenas quantidades. Dez gramas podem matar um homem de 100 quilos e o antídoto ainda não é conhecido.
O remetente das primeiras duas cartas "ameaçou (...) o prefeito Bloomberg com referências ao debate acerca da legislação sobre armas", disse Browne.
As duas cartas, escritas em um computador, foram enviadas no dia 20 de maio a partir da cidade de Shreveport, na Louisiana (sul), revelou o selo postal.
Bloomberg, que não chegou a ter contato com a carta, é um milionário de 71 anos muito envolvido na luta contra as armas de fogo. Ele gastou milhões de dólares de sua fortuna pessoal para apoiar candidatos favoráveis a maiores restrições às armas de fogo.
O prefeito foi uma das personalidades políticas que mostrou maior determinação neste sentido durante o debate suscitado pelo massacre de vinte crianças e seis adultos em uma escola de Newtown (Connecticut, nordeste) em dezembro.
No dia 24 de março, antes que uma reforma das leis sobre as armas fracassasse no Senado americano, Bloomberg anunciou uma campanha publicitária de doze milhões de dólares para contrabalançar a influência do poderoso lobby das armas, a NRA.
Bloomberg não se impressiona
O prefeito não se abalou com as cartas envenenadas. "Não sei por que fazem isso. A carta fazia clara referência aos nossos esforços contra as armas de fogo. Mas 12.000 pessoas morrerão neste ano por armas de fogo e outras 19.000 vão se suicidar com armas de fogo, e nós não deteremos nossos esforços", disse.
"Não estou chateado. Há pessoas que fazem coisas irracionais", destacou. A investigação é levada adiante pela unidade antiterrorista da Polícia Federal (FBI) e pela Polícia de Nova York.
O autor das cartas afirma que o direito de portar armas é "um direito divino" e que primeiro morrerá antes de renunciar a ele, segundo a ABC News.
Bloomberg nunca viu a carta que foi enviada a ele, aberta na sexta-feira passada em Nova York. Mas membros dos serviços de emergência da Polícia de Nova York que a manipularam apresentaram "sintomas leves de exposição à ricinina", que diminuíram desde então, disse Browne.
A segunda carta foi aberta no domingo por Mark Glaze, o diretor do Prefeitos contra as Armas Ilegais, que até o momento não apresentou sintoma algum.